Durante muito tempo, a vida no campo foi sinônimo de tranquilidade.

O contato direto com a natureza, pouco barulho, ar puro e fresco e segurança para deixar as crianças brincarem ao ar livre eram alguns privilégios dos moradores da área rural.

No entanto, a insegurança, que quase só batia à porta de quem morava nas cidades, agora também chegou na zona rural, e inúmeros cuidados devem ser adotados pelos produtores rurais para preservar a segurança da sua propriedade, dos seus colaboradores e da sua família.

Para se ter uma ideia, o número de propriedades rurais no Estado do Paraná é de cerca de 500 mil unidades, segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). Um dado curioso é que mais de 95% dos municípios paranaenses são caracterizados como predominantemente rurais.

A Polícia Militar do Paraná está presente em todos os 399 municípios do Estado. Porém, até a implantação do Programa Patrulha Rural Comunitária, em 2009, havia uma dificuldade de gestão do policiamento nas áreas menos urbanizadas.

Hoje, a Patrulha Rural Comunitária tem o objetivo de executar não só o patrulhamento nesses locais, mas também visitas técnicas que contam com o cadastramento rural, que efetua o georreferenciamento da propriedade e qualifica as peculiaridades do local. Com essas informações, há uma maior celeridade no atendimento de ocorrências nesses pontos.

 

As equipes da Patrulha Rural Comunitária estão presentes em todos os Batalhões e Companhias Independentes operacionais da PMPR.

No 10º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Apucarana, não poderia ser diferente. Criada em 2009, atualmente conta com três equipes trabalhando diariamente na visitação aos moradores do campo e no atendimento de ocorrências contra o patrimônio rural, que percorrem em média 4.200 quilômetros de estradas mensalmente. A título de comparação, a cidade de Apucarana tem em torno de 600 quilômetros de estradas rurais.

 

Os crimes mais comuns são os furtos ou roubos a implementos, maquinários agrícolas e animais. No último dia 22 de outubro, por exemplo, a Patrulha Rural Comunitária do 10º BPM recuperou em Califórnia dois tratores que haviam sido furtados, avaliados em 460 mil reais cada. Além de Apucarana, o 10º Batalhão e sua Patrulha Rural Comunitária também são responsáveis pelo policiamento nos municípios de Jandaia do Sul, Cambira, Novo Itacolomi, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Rio Bom, Califórnia, Kaloré, Marumbi, São Pedro do Ivaí e Bom Sucesso.

O Capitão Thiago Federovicz, Oficial de Ligação da Patrulha Rural Comunitária, destacou a relevância do trabalho realizado pelas equipes do 10º BPM. “Nós estamos em constante expansão. Temos visto o retorno positivo por parte dos moradores da área rural e uma diminuição nos crimes nesses locais”. As estatísticas efetivamente mostram uma redução no índice de ocorrências na área rural: uma queda de 10% no número de furtos e de 21,4% no número de roubos no período compreendido entre janeiro e outubro de 2022 em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados fornecidos pela Polícia Militar.

Visitas técnicas

Entre as atividades executadas pela Patrulha Rural Comunitária, destacam-se as visitas técnicas. Nelas, os policiais militares cadastram as propriedades para que os responsáveis tenham a possibilidade de iniciar um contato mais direto e célere com as equipes por meio de aplicativos de mensagens. Na ocasião, também é fornecida ao proprietário uma placa que indica que ali é área monitorada pela PMPR, para ser afixada na entrada do local, de forma a inibir eventuais práticas criminosas. Apenas na área do 10º Batalhão de Polícia Militar, foram mais de 470 cadastros realizados e de 130 placas instaladas, além de cerca de 150 visitas mensais.

Outra ação é a entrega da Cartilha Segurança Rural aos moradores. Ela serve como orientação para adequação do espaço rural, com vistas a melhorar os índices de segurança nesses locais. Cabe ressaltar que ela não trata apenas de mudanças estruturais, mas também de comportamento preventivo. Entre as dicas estão a atenção na chegada e saída do local, o contato com vizinhos de confiança e a importância de não deixar a propriedade sozinha.

O produtor de morangos Cezar de Paula e Silva Junior, 49, é um dos beneficiados pelas visitas técnicas. “Depois que eles começaram a passar aqui na minha propriedade, eu sinto mais segurança. De repente a gente não está em casa e eles passam. A gente não vive no sítio, a gente depende da cidade, então tem que estar saindo, chega tarde. E eu sempre encontro eles [a Patrulha Rural Comunitária] pela estrada à noite. Eu aprovo cem por cento”.

Capacitação dos policiais

Os policiais militares que atuam nas equipes de Patrulha Rural Comunitária, devido à especificidade da atuação, recebem um treinamento diferenciado. Em junho deste ano, foi realizado o Curso de Capacitação em Patrulha Rural Comunitária (CCPRC), na cidade de Maringá. Atualmente, todos os policiais que fazem parte da equipe especializada do 10º Batalhão realizaram o CCPRC.

Durante a capacitação, os militares estaduais tiveram 100 horas/aula de instruções, distribuídas em 14 disciplinas específicas para atuação das equipes de Patrulha Rural Comunitária, como “Conduta de Patrulha em Ambiente Rural”, “Interação Comunitária e Cadastro Rural”, “Legislação Ambiental Aplicada”, “Direção Policial Preventiva em Viaturas com Tração 4×4”, bem como palestras com técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), a fim de desenvolver e padronizar os procedimentos a serem adotados pelos patrulheiros rurais.

Como Oficial de Ligação da Patrulha Rural Comunitária, o Capitão Thiago Federovicz também realizou o curso e fez elogios à iniciativa. “É uma atividade especializada, e como toda atividade especializada é necessário um conhecimento técnico específico. Não dá para replicar integralmente o que fazemos nas ruas da cidade no ambiente rural. Até mesmo o diálogo é diferente. Por isso a importância”, explica.

Tecnologia aplicada

E apesar de a atividade ser realizada em ambiente rural, a tecnologia é peça chave para o bom andamento do serviço. Além do georreferenciamento e da comunicação via internet, a Patrulha Rural Comunitária do 10⁰ Batalhão de Polícia Militar participou, durante o período de 2 a 4 de novembro, na sede da 7ª CIPM, em Arapongas, do “Curso de Operador de Drone”. O curso foi ministrado pelo Sistema FAEP/SENAR (Federação da Agricultura do Estado do Paraná e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná), com duração de 30 horas.

Com a participação de policiais pertencentes a diversas Unidades da área do 2⁰ Comando Regional de Polícia Militar, o curso teve como finalidade a habilitação de operadores para o uso das aeronaves não tripuladas em diversas áreas e situações. O Cabo João Batista Souza foi quem representou a Patrulha Rural Comunitária do 10º BPM, e relata que ao término das atividades foram capacitados a operar drones com o máximo de eficiência. “Essa ferramenta tem se mostrado muito útil no serviço policial, pois auxilia e amplia a área de atuação do patrulhamento rural em ambientes de difícil acesso, melhorando a segurança do homem do campo”.

Serviço

A Patrulha Rural Comunitária informa que muitas vezes encontra dificuldades tanto para localizar o morador quanto para ter acesso à propriedade, e solicita aos moradores e proprietários que tenham interesse em receber visitas técnicas e em realizar o cadastramento rural, caso já não o tenham feito, para que façam contato com a Central de Operações do Batalhão por meio do telefone 190 ou pelo (43) 3427-9369, informando o próprio nome, telefone para contato e o nome e localização da propriedade. Assim, as equipes farão contato a fim de agendar a visita e o cadastramento.

Comunicação Social do 10º BPM.

 

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