Dona Edilene, mãe de Pedro Henrique, um jovem de 24 anos que faleceu nesta quarta-feira (13) devido à dengue, desabafou sobre a tragédia e alegou negligência médica em Apucarana. Ela acionou a reportagem e, em entrevista na Capela Mortuária Central, enquanto seu filho era velado, compartilhou sua dor e indignação com a equipe de reportagem do Canal 38, buscando justiça para o que considera uma falha grave na UPA de Apucarana.
Ela solicitou a presença da equipe de reportagem do Canal 38 na Capela Mortuária, onde seu filho estava sendo velado, e fez um relato emocionado para o apresentador Márcio Silvestre. Edilene desejava expor sua frustração com a situação: “O que estou passando hoje eu não desejo para mãe nenhuma, porque enterrar um filho de 24 anos… Meu filho tem 24 anos. Porém, os meus filhos sempre serão as minhas crianças. Eu estou aqui porque eu quero fazer justiça. Eu quero. Eu quero. O que aconteceu com meu filho foi negligência médica. Negligência médica. Então, é muito difícil. Eu já pedi a Deus para me dar força, para me dar coragem. Eu pedi ao Espírito Santo. Deus me anestesiar, porque eu estou assim, com meu emocional muito abalado. Eu tenho que segurar as pontas do meu marido, do meu filho, da minha nora, do meu netinho de dois anos, que pensa que o pai está dormindo. Então, o que aconteceu com meu filho foi negligência e eu preciso, eu quero Justiça. Eu quero Justiça. Eu quero Justiça.”
“Meu filho Pedro Henrique começou com sintomas da Dengue no sábado. Procurou atendimento médico, foi atendido. Aí, deram o soro, deram aquela medicação de praxe. Quando foi ontem, por volta de 4 horas da manhã, a minha nora pegou ele, começou a sentir muito mal e a minha nora pegou e levou o esposo dela, o meu filho na UPA. Chegando lá, foi rapidinho, fizeram exame de sangue e deram soro com dipirona. Aí, fizeram esse exame aqui que eu vou mostrar para vocês aqui. Estou com o exame de sangue aqui, tá. Esse exame foi feito, esse exame deu uma alteração no sangue do meu filho. Só que há um ano e meio atrás ele teve dengue. A médica que fez esse exame, que viu esse laudo aqui, ela não viu que essa taxa aqui, hematócrito, ele estava alterado. Ele estava acima do normal. Aí, meu filho foi para casa e eu hidratando, dando soro, alimentação, tudo aquilo, tudo que você pode imaginar que uma mãe pode fazer com um filho. E no período da tarde, eu levei meu filho no Lagoão e foi feito uma triagem. Eu mostrei esse exame aqui. Esse exame aqui eu mostrei e eu disse: ‘Meu filho, ele fez esse exame porque ele está sentindo muita dor. Meu filho está passando mal, ele está com dor abdominal. Eu não estou entendendo o que está acontecendo.”
“No momento, na ocasião, a doutora chegou e disse: ‘Oh mãe, é esquisito, né. Está me chamando atenção, nessa alteração aqui.’ Aí, ela disse: ‘Passou ele na frente.’ Ela, como médica, deveria ter falado sobre esta alteração. Então, vamos encaminhar Providência.’ Deram soro. Meu filho, remoendo, trouxe meu filho para casa. Depois, meu filho foi só piorando, piorando. Quando foi por volta de 19:30 da noite, eu tive que chamar o SAMU e eu levei meu filho da Providência. Meu filho estava gelado. Meu filho estava transpirando. Meu filho, ele estava gelado. Eu tive que trocar três vezes os forros de cama e água de coco e sopa e aquilo parecia que quanto mais eu dava, mas ele transpirava.”
“Então, fui para Providência, fui muito bem atendida, não tenho nada para falar do hospital. Chegando no Providência, a médica pegou, me chamou e falou assim: ‘Mãe, eu levei esse exame aqui.’ Ela pegou e disse assim, mãe: ‘Como ele teve dengue e essa substância que é no sangue dele, ela está alterada. Então, mãe, vamos providenciar uma UTI. O caso dele é grave.’ Aquilo já me chamou atenção. Ela disse: Ele vai tomar uma medicação e nessa medicação que ele vai tomar, aí vai estabilizar.’ Só que se a médica do UPA tivesse falado isto meu filho teria sido internado antes e não teria morrido. Eu quero justiça porque isso que aconteceu com meu filho foi negligência. A capacidade de ver que tinha essa alteração aqui no sangue do meu filho a médica não viu. Talvez hoje, eu não estava aqui, numa capela mortuária, enterrando um menino de 24 anos, pai de uma criança de 2 anos. Deixa a mulher, deixa pai, deixa mãe, deixa irmãos.” desabafou.
“E não é porque seja meu filho, mas meu filho é muito querido, uma pessoa muito conhecida em Apucarana. Eu estou aqui, com mãe, eu estou aqui, reivindicando o direito de todo cidadão que paga imposto, que pague IPTU, que paga ICMS. Que nós pagamos muito caro imposto, sabe porque, porque isso aqui foi negligência médica e eu vou atrás dos meus direitos, eu vou atrás dos meus direitos. Meu filho não vai voltar mais. Daqui a pouco, eu vou enterrar ele, vão ficar as lembranças e as recordações, mas para que isso não venha acontecer com nenhuma mãe, então o que eu estou pedindo hoje é Justiça, é Justiça pelo meu filho. Ele não vai voltar mais porque Deus levou. Eu já entreguei para Deus e o Espírito Santo de Deus vai nos confortar. Mas o que está acontecendo na nossa cidade, naquele UPA, de médico chegar e dar laudo errado, dar resultado de exame errado, hoje para nem uma mãe, nem um pai, nenhum irmão, estar em uma capela morta lá, enterrando seu ente querido. Um momento, tão difícil, tão difícil como eu estou passando agora. Então, eu quero justiça porque isso aqui foi negligência, negligência, isso foi negligência o que aconteceu com meu filho.” denunciou.
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