A Polícia Civil de Apucarana concluiu, nesta segunda-feira (01), após mais de um ano de diligências, o inquérito que apura a morte de Maria Vanusa, de 64 anos, moradora do Núcleo Habitacional Djalma Mendes de Oliveira.
A idosa foi vista pela última vez em 29 de maio de 2024 e, desde então, não voltou a fazer contato com os familiares — situação que motivou a abertura do caso de desaparecimento. Nesta segunda-feira (1º), o delegado André Garcia, da 17ª Subdivisão Policial, apresentou detalhes da investigação, que culminou na prisão preventiva do principal suspeito em Rolândia.
Segundo o delegado, a família estranhou a falta de contato e foi até a casa da idosa, onde não havia sinais de arrombamento ou violência. Os filhos demoraram alguns dias para procurar a delegacia, mas, assim que o registro foi feito, as equipes iniciaram o trabalho padrão para casos de desaparecimento.
Vinte dias após o sumiço, em 19 de junho de 2024, o celular de Maria Vanusa foi localizado na cidade de Rolândia com um homem que também estava em posse da aliança e de uma bolsa da vítima. Ele chegou a ser preso temporariamente, mas apresentou versão afirmando ter encontrado os objetos em Apucarana. Com base nas informações disponíveis naquele momento, a prisão expirou e o suspeito foi solto.
As investigações continuaram de forma aprofundada. “Nós seguimos por outros caminhos, especialmente a análise de dados de nuvem, telemática e comunicações telefônicas”, explicou o delegado.
O corpo de Maria Vanusa foi encontrado em 13 de agosto de 2024, em meio à vegetação, próximo a uma nascente na região do Conjunto Orlando Bacarim, em Apucarana. O avançado estado de decomposição impediu a necropsia de apontar a causa da morte, mas a Polícia Civil tratou o caso como homicídio. “Ela era uma idosa, viúva, morava sozinha, não tinha o hábito de caminhar por áreas rurais ou de difícil acesso. Não há dúvida de que foi levada até lá”, afirmou Garcia.
A perícia digital revelou que o suspeito e a vítima, apesar de ele ter negado, mantinham contato virtual havia pelo menos seis meses, com troca de mensagens, fotos e vídeos. Além disso, durante o período em que o corpo ainda não havia sido encontrado, ele realizou buscas na internet sobre o nome de Maria Vanusa, comportamento que chamou a atenção dos investigadores.
Outro ponto decisivo foi a análise da localização do aparelho do suspeito. “Na semana do desaparecimento, ele desligou a localização do celular, algo que não fazia em nenhum outro momento. Foi uma tentativa clara de evitar rastreamento”, destacou o delegado.
Com o conjunto de provas, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva, cumprida nesta segunda-feira em Rolândia, onde o suspeito mora. Ele foi novamente ouvido e manteve a versão de que apenas encontrou os objetos da vítima. Para o delegado, essa explicação não se sustenta. “Não existe possibilidade de ele manter contato por meses, ela aparecer morta e, por acaso, ele encontrar as coisas dela na rua. Isso não existe.”
O delegado ainda explicou que o suspeito conhecia bem Apucarana. “Ele tem familiares no Orlando Bacarin e vinha com frequência para a cidade. É comerciante ambulante, conhece toda a região.”
Garcia destacou o empenho da equipe de homicídios ao longo de toda a investigação. “Foi um trabalho técnico, contínuo, incansável. A família muitas vezes espera por uma resposta imediata, mas a investigação de homicídio é complexa e exige tempo. Apesar do longo período, chegamos à autoria.”
O inquérito foi concluído e o suspeito será indiciado por feminicídio. A Polícia Civil aguarda agora o andamento do processo na Justiça.