“Eu fui prefeito, fui secretário de saúde aqui. Nunca houve uma epidemia como essa. Cadê a responsabilidade? Não adianta vir com narrativas, tem que dar os meios para a equipe de saúde trabalhar. Se não tem condição de gerenciar uma crise, tá na hora de pedir para sair.” disparou Beto Preto.
O Secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, expressou sua preocupação com a negligência da administração municipal em relação aos cuidados de prevenção à dengue durante uma entrevista na última segunda-feira ao apresentador Ciro Domingues – Rádio Nova AM. Ele destacou que a crise já havia sido anunciada desde novembro e lamentou a falta de medidas mais efetivas por parte da prefeitura.
O deputado Federal licenciado e Secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto disse “O coração da gente está apertado; uma crise anunciada desde novembro. Nós já tínhamos notificado a prefeitura, e a prefeitura tinha que ter tomado medidas mais duras. E aconteceu aquilo que nós não gostaríamos. Ainda não tem confirmação, mas dois casos de óbito – uma pessoa com mais de 80 anos e esse jovem de 22 anos do Solo Sagrado perderam a vida. Possivelmente, decorrente de quadros mais graves de dengue. Isso não pode acontecer, ainda mais porque óbito por dengue entra naquela relação de mortes evitáveis.”
Beto Preto ressaltou as ações tomadas pela Secretaria de Saúde (SESA), incluindo o envio de equipes para avaliação da situação e a realização de reuniões. O Secretário enfatizou a necessidade de combater o mosquito Aedes aegypti e criticou a falta de ação efetiva por parte da administração municipal. Ele destacou a falta de meios para a equipe de saúde trabalhar, como a ausência de caminhões para recolha de entulho e recursos para pagamento de combustível.
O povo trabalhador desta cidade às vezes precisa pensar em se sustentar, tem que trabalhar, correr atrás do prejuízo. Se não levamos informação para eles, se não mobilizamos a população, não adianta jogar a culpa na população. A culpa é da direção municipal que não tem conseguido dialogar de maneira real. A dengue é muito preocupante, é um problema de saúde pública. Agora, se as pessoas que estão sentadas lá no topo da administração municipal não conseguem dar conta, eu acho que está na hora de pedir para sair. Pedir para sair, porque não há condição de gerenciar uma crise apenas na narrativa.
Precisamos de 10, 15 caminhões trabalhando ao mesmo tempo. E eu vou dizer mais, não apenas como secretário de saúde, mas como cidadão desta cidade: a população deveria colocar os entulhos na frente de casa, no meio da rua, para que pudéssemos fazer essa recolha o mais rápido possível e a deposição desse entulho, de aterro certificado, também o mais rápido possível. Infelizmente, está faltando gestão na epidemia. A equipe dos agentes de combate só vai trabalhar se tiver carro adequado, se tiver larvicida na mão, se tiver equipe motivada e organizada, e principalmente se a prefeitura conseguir disponibilizar os carros de combustível. Agora é chorar o leite derramado, agora é fazer o que tem que ser feito o mais rápido possível.
Beto Preto disse ainda “em 25 anos de saúde pública, nunca passei por uma situação dessa envergadura. Estou chateado porque o povo de Apucarana está sofrendo pela inação da prefeitura, inação, falta de vontade de agir. Não adianta trocar a iluminação da praça se a saúde das pessoas não está em dia. A administração pública não é fácil, mas ela te desafia, e quem não está afim de desafio tem que deixar o cargo. Está faltando empenho, e eu estou dizendo isso há algum tempo, que está faltando austeridade, falta isso, falta aquilo.
Beto Preto alertou “Como vamos festejar 80 anos agora tendo apucaranenses morrendo com dengue? Cadê a responsabilidade? Cadê a responsabilidade? Vamos parar de ser negligentes e vamos agir.” Finalizou Beto Preto.