No último dia da campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, celebrado nesta quarta-feira (10), o prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, promoveu uma reunião especial com servidores homens de diversas secretarias municipais. O encontro, realizado no Salão Nobre da Prefeitura, reforçou a importância do engajamento masculino no enfrentamento à violência de gênero.
A proposta foi promover diálogo, reflexão e conscientização sobre comportamentos que ainda perpetuam a violência doméstica e a desigualdade. A reunião contou também com a participação de profissionais da área, entre eles o psicólogo da Defensoria Pública, Henrique Siena, além de técnicos da rede municipal envolvidos no atendimento a vítimas.
“Não podemos normalizar a violência”, afirma o prefeito Rodolfo Mota
Durante sua fala, o prefeito Rodolfo Mota destacou que o combate à violência contra a mulher é uma responsabilidade coletiva, que precisa envolver toda a sociedade — e não apenas instituições específicas.
“Nós estamos nesses 21 dias de combate à violência contra a mulher. Apesar de parecer para muita gente que é normal — ‘é só mais uma mulher agredida’, ‘é só mais um feminicídio’ — isso não pode ser tratado como algo comum. Muitas vezes, no ambiente em que convivemos, vemos um homem sendo mal-educado, grosseiro, desrespeitando, humilhando a esposa, a mãe, uma irmã, alguém do seu convívio. A violência contra a mulher acontece também no ambiente de trabalho, e não podemos normalizar isso”, afirmou.
O prefeito ressaltou que Apucarana vem realizando diversas ações por meio da Secretaria da Mulher, coordenada pela primeira-dama, em parceria com entidades como Câmara Municipal, CREA, OAB, Lions, Rotary, além das forças de segurança.
Ele reforçou a estrutura de suporte oferecida às vítimas no município: atendimento psicológico, assistência jurídica, resgate emergencial, abrigo temporário e suporte até o afastamento do agressor.
“Os homens também precisam combater a violência contra a mulher. Não podem se calar. Quem cala, consente. Não basta dizer ‘eu não sou agressor’. Se você presencia uma agressão e fica calado, você também participa dessa violência. Precisamos que os homens encabecem essa causa.”
Rodolfo Mota também fez um balanço das ações realizadas durante a campanha.
“Foram mais de 30 ações desenvolvidas pelas nossas secretarias e entidades parceiras. É um tema duro, triste, inadmissível, mas que precisa ser falado. Quanto menos violência contra a mulher, mais justa e feliz será a nossa cidade.”
Defensoria Pública reforça apoio às vítimas e alerta para impactos da violência
O psicólogo Henrique Siena, da Defensoria Pública do Paraná, também participou do encontro e explicou como a instituição atua no acolhimento e orientação de mulheres em situação de violência.
“A Defensoria Pública atua tanto na defesa do agressor nos processos judiciais quanto no acolhimento e acompanhamento jurídico das mulheres. Contamos com o NUDEM, o Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher, e também com o programa Ampara, que atende todos os municípios do Paraná, oferecendo orientação completa para mulheres vítimas de violência.”
Siena destacou que a violência doméstica não atinge apenas as mulheres, mas também impacta crianças, famílias inteiras e a sociedade como um todo.
“Meninos criados em ambientes violentos tendem a reproduzir esse comportamento. Precisamos refletir sobre nossas atitudes e evitar normalizar ações que geram prejuízos à sociedade: dependência química, afastamentos de trabalho, problemas de desenvolvimento em crianças e diversos tipos de violência.”
O psicólogo também enfatizou que a violência ultrapassa o aspecto físico.
“A violência não é apenas física. Ela acontece também por imposição de papéis sociais — o que é ‘coisa de homem’ e o que é ‘coisa de mulher’. Todos nós somos capazes de cuidar e trabalhar. A convivência precisa ser compartilhada para o bem-estar de todos.”
Ação encerra com apelo por mudança cultural
O encontro, voltado exclusivamente aos servidores homens, reforçou a necessidade de quebrar ciclos históricos de violência e construir relações mais igualitárias e seguras.
A Prefeitura de Apucarana encerrou oficialmente os “21 Dias de Ativismo”, mas reafirmou que o combate à violência contra a mulher é um compromisso permanente.



