Nesta quarta-feira (3), o prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, fez um pronunciamento contundente sobre a dívida bilionária da cidade, que começou há mais de duas décadas e que agora gera bloqueios nos cofres municipais.
Mota destacou que esse é um dos maiores desafios de sua gestão, mas reforçou o compromisso em enfrentar a situação com transparência, união e planejamento.
“Durante 23 anos, o que eram 22 milhões e meio de reais, se transformou em 1 bilhão e 300 milhões. É a maior dívida do Brasil. O povo de Apucarana sabe disso, acompanha essa história há 23 anos. Tem gente que a vida toda escutou isso.
Quem hoje tem 35, 40 anos, desde que se lembra de rapazinho, ouve essa história. E eu sempre disse que em algum momento isso iria ter que ser resolvido. Eu era vereador, me lembro, há oito anos eu falava: olha, a dívida é de 600 milhões, a dívida é de 700 milhões, tem que enfrentar isso, porque de problema você não foge. Problema você enfrenta. O problema é você ter que bater o pé, porque senão ele corre atrás de você e ele fica maior. Aquilo que eram 22 milhões e 800 hoje virou 1 bilhão e 300. Então, não dá para fingir que não deve. Imagina se a gente pudesse fazer isso na casa da gente, no nosso cartão. ‘Ah, comprei mil reais no cartão, depois eu vejo. Um dia, eu não sei se o banco vai cobrar’. Um dia, claro que vai. E não vai ser mais mil reais não. Daqui a pouco vão ser 3, 4, 5. Vai chegar no final do ano, você vai estar devendo 10. É o que aconteceu com a nossa cidade.
Mas o povo de Apucarana me elegeu, confiou em nós. 64% das pessoas de Apucarana escolheram para que a gente pudesse estar aqui. E com toda a firmeza, com todo o meu suor, com toda a dedicação da minha equipe, dos nossos secretários, eu conclamo todos os servidores públicos municipais para que juntos possamos enfrentar esse grande desafio. Chegou a hora, não tem como fugir da raia. E nós vamos enfrentar. É a maior dívida do Brasil? É. Mas nós também vamos ter a maior determinação e a maior garra do Brasil e dos brasileiros e dos apucaranenses para a gente poder enfrentar isso. Não é fácil, não é simples, porque hoje, às 11 horas da manhã, nós acabamos de receber a confirmação, que havia sido dada para a gente dia 12 de agosto. Hoje, às 11 horas da manhã, confirmaram por meio de mais um ofício do Ministério da Fazenda e do Tesouro Nacional, que os bloqueios, o sequestro do dinheiro da Prefeitura de Apucarana, para pagar essa conta, começam agora já no mês de setembro. Nós estamos falando de dinheiro que hoje a gente usa para pagar servidor, que a gente usa para pagar gasolina, que a gente usa para pagar manutenção dos veículos. Estamos falando desse tipo de dinheiro. É isso que vai ser usado para pagar essa conta que se arrasta há 30 anos, mas de maneira especial há 23, quando ela parou de ser paga.
Então, é um grande desafio, é um novo momento da nossa gestão. Obviamente que eu não fui pego de surpresa. Eu me preparei para isso. Eu pedi o voto de confiança para Apucarana e sempre disse que eu iria dedicar os melhores anos da minha vida para cuidar dessa cidade. A gente sabia que isso existia, alertava isso há oito anos, e quando a gente assumiu a prefeitura, no dia 1º de janeiro, alguma coisa já dizia, como uma preparação, que a gente iria enfrentar esse problema no nosso mandato. E chegou a hora. Mais cedo do que eu gostaria, mais cedo do que a gente talvez estivesse pronto para enfrentar. Estamos só no oitavo mês. Acabei de completar oito meses como prefeito. Nós já fizemos entregas incríveis. Nós já fizemos conquistas incríveis. A população sabe, tem aprovado, tem dado um feedback positivo daquilo que a gente tem feito. Mas agora é uma virada de chave. Então, a partir de hoje, baixamos várias determinações de economias, de corte de despesa: água, luz, telefone, quilômetro rodado, carro da prefeitura. Enfim, a gente precisa fazer um enxugamento. Então eu quero conclamar todos os nossos servidores públicos: não está na sala, não vai ficar na sala naquele momento, apaga a luz; vai sair para almoçar, desliga a tela do computador; vai vir para a prefeitura, traz mais alguém junto, não vem dois carros, porque toda essa economia nós vamos precisar fazer. Pelo menos 20% dessa economia de custeio, de despesa do dia a dia, para que a gente possa ir diminuindo o problema e o prejuízo que nós vamos ter com esses bloqueios.
Em fevereiro, eu tive a alegria e a oportunidade de ser eleito vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos para tratar dos assuntos jurídicos, dos temas jurídicos. E eu já fui buscar essa posição justamente porque sabia que o problema de Apucarana, dessa dívida, seria resolvido também pelas vias judiciais, pelas vias políticas. E dificilmente a gente conseguiria ser ouvido no Congresso Nacional pelos deputados e senadores só como prefeito de Apucarana, uma cidade do norte do interior do Paraná. Mas, ocupando o cargo de vice-presidente de assuntos jurídicos da Frente Nacional de Prefeitos, que tem os prefeitos de todas as capitais do Brasil e das grandes cidades, eu tenho a honra de trabalhar ao lado do prefeito da capital do Rio de Janeiro, ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, de grandes prefeitos do Brasil, das capitais brasileiras. A gente conseguiu, através da Frente Nacional dos Prefeitos, da Confederação Nacional dos Municípios, com o apoio dos deputados do Paraná e dos nossos três senadores, colocar uma mudança na Constituição. Incluir lá um texto na Constituição, que foi aprovado ontem pelo Senado da República, com 71 votos, que vai permitir que Apucarana possa discutir essa dívida, que é a maior do Brasil, de 1 bilhão e 300, a partir de agora. Vai levar ainda três ou quatro meses, porque o governo tem que escrever as regras agora. Mas a gente está confiando que dentro de três, quatro meses, até o final do ano, o governo escreva essas regras e a gente possa, a partir dessa mudança na Constituição, que nós ajudamos a construir lá em Brasília, como vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, com nossos deputados e senadores — a quem agradecemos muito pela aprovação da PEC 66 —, discutir isso.
Então, a PEC 66, a aprovação dessa PEC, dessa mudança na Constituição que nós conseguimos construir, é um dos instrumentos para enfrentarmos esse problema. Não é a solução. A dívida não vai desaparecer por conta da PEC 66. Mas a gente estava indo para a roça capinar sem enxada. Agora a gente ganhou uma enxada, pelo menos, para poder enfrentar esse problema. Então, a PEC 66 é um dos instrumentos, assim como as medidas judiciais que estamos adotando e as medidas administrativas que estamos adotando com o Ministério da Fazenda e com o Tesouro Nacional. Juntando tudo isso, nós temos a esperança, a convicção e pedimos também a bênção de Deus, porque para lidar com esse problema não basta só trabalho e suor. A gente precisa também que Deus nos ajude para que encaminhe e abra mentes. Assim como conseguimos aprovar a PEC 66, que possamos também ter outros resultados positivos, judicialmente ou administrativamente. Nós vamos superar isso, mais cedo ou mais tarde. Talvez o sacrifício seja maior, mas a gente vai superar isso. Todos nós juntos. Apucarana é de um povo bom, ordeiro, trabalhador. Nós vamos enfrentar isso juntos.”
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