Diferentemente do ocorrido no caso do 3º sargento do Corpo de Bombeiros, flagrado em áudio ameaçando, humilhando e torturando psicologicamente uma criança autista de 11 anos, o NRE agiu sem qualquer indício de corporativismo na condução do processo.
Pais, alunos e educadores de Arapongas respiram aliviados após a exoneração de um professor da rede estadual, determinada pelo Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana, comandado pelo professor Vladimir Barbosa. O docente, contratado via Processo Seletivo Simplificado (PSS), foi flagrado agredindo violentamente o próprio filho, um adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O caso gerou revolta e indignação em toda a comunidade escolar.
Após a repercussão do vídeo que mostra as agressões, veio à tona o histórico criminal do professor: ele possui 26 processos judiciais, sendo 25 no estado de São Paulo e 1 em Arapongas. Entre as acusações, consta uma condenação por latrocínio (roubo seguido de morte), com pena de 23 anos, 3 meses e 4 dias, iniciada em 2007. Parte da pena foi cumprida em regime fechado na Penitenciária de Flórida Paulista (SP), e atualmente está sendo cumprida em regime aberto, com término previsto para 2031.
A Justiça de Arapongas decretou o afastamento do agressor do lar ou de qualquer ambiente de convivência com a vítima, além da proibição de aproximação do ofendido e de seus familiares, fixando um limite mínimo de 200 metros.
Apesar disso, o professor foi recontratado em abril de 2025, após ser aprovado em um novo processo seletivo via PSS, realizado no fim de 2024. De acordo com o NRE, o sistema estadual de admissão não consulta antecedentes criminais em outros estados. Como não havia registros no Paraná, a contratação foi autorizada.
“Ele apresentou toda a documentação exigida. Como os processos eram de São Paulo e não constavam registros aqui, não foi possível barrar a contratação”, explicou Vladimir Barbosa.
Além do histórico criminal, o professor já havia sido denunciado em 2024 por assédio a uma professora em um colégio estadual de Arapongas. Na ocasião, ele pediu desligamento voluntário e o caso foi arquivado.
Após tomar conhecimento do histórico criminal do servidor, o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana determinou a demissão do professor imediatamente após o término do período de atestado médico apresentado, garantindo a segurança da comunidade escolar.
Diferentemente do ocorrido no caso do 3º sargento do Corpo de Bombeiros, flagrado em áudio ameaçando e torturando psicologicamente uma criança autista de 11 anos, o NRE agiu sem qualquer indício de corporativismo na condução do processo.
A conduta da corporação dos Bombeiros tem sido alvo de críticas, pois aparenta tratar o episódio com brandura, como se o tempo ou uma punição leve fossem suficientes para amenizar a gravidade do ocorrido — mesmo diante de representações feitas pelos avós da criança à própria instituição, denunciando agressões cometidas pelo militar contra o neto e contra eles, além de ameaças.
Contudo, a Justiça tem sido implacável com esse tipo de crime: determinou medida protetiva contra o militar, que acabou preso por descumpri-la e agora responde judicialmente também por esse caso.