Um servidor da área da saúde procurou a reportagem para denunciar a situação precária enfrentada pelos motoristas responsáveis pelo transporte de pacientes para atendimento em outras cidades. Segundo ele, esses profissionais têm realizado viagens longas sem receber diárias, sendo obrigados a arcar com despesas do próprio bolso para depois solicitar reembolso—que, muitas vezes, não é pago em prazo adequado.
“Estamos tirando dinheiro do nosso bolso para viajar e precisamos apresentar notas para reembolso. Mas muitos motoristas ainda não receberam nada desde janeiro”, relata o servidor, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
A denúncia destaca que, enquanto os motoristas enfrentam dificuldades financeiras e até mesmo condições desumanas de trabalho—como dormir dentro dos veículos por falta de recursos para hospedagem—outros continuam recebendo diárias normalmente para suas viagens.
Viagens Longas e Sem Apoio
Segundo o denunciante, a rotina desses profissionais é exaustiva. “Muitas vezes, saímos de Apucarana por volta das 23h ou meia-noite, viajamos a noite toda, deixamos os pacientes para atendimento e, sem diária, não temos onde descansar. O correto seria poder pagar um hotel para recuperar as forças antes de pegar a estrada novamente, garantindo uma viagem segura para todos. Mas, sem o dinheiro da diária, o que nos resta é dormir dentro do ônibus, da van ou da ambulância. Quando o sol começa a esquentar, por volta das 8h, o calor é insuportável, e o descanso se torna impossível”, desabafa.
O problema se agrava quando os motoristas não têm sequer dinheiro para gastar durante a viagem. “Nesta semana, um colega viajou para Curitiba, passou a noite inteira na estrada, foi e voltou sem apresentar uma única nota de reembolso. Simplesmente porque ele não tinha dinheiro para gastar. Ele não tinha como pagar nada para depois ser reembolsado”, conta o servidor.
Dilema Entre Trabalho e População Desassistida
Diante da falta de suporte financeiro, alguns questionam por que os motoristas continuam realizando essas viagens. “Tem gente que fala: ‘Ah, é só não viajar, ninguém é obrigado’. Mas e os pacientes que estão esperando atendimento há um ano, dois anos? Se não formos, eles ficam sem transporte e sem atendimento. Nós pensamos na população, mas parece que o prefeito não pensa”, critica.
A denúncia reforça que, apesar da situação financeira difícil da categoria, a administração municipal segue destinando recursos para as diárias de secretário. “Enquanto os motoristas precisam arcar com os custos e esperar meses para serem reembolsados, eles viajam sem preocupações, com tudo pago”, finaliza o servidor.
Outro servidor afirmou ainda: “Enquanto falta dinheiro até para pequenas despesas na área da Saúde, como diárias, e falta também medicamentos, a fila diminuiu em alguns postos de saúde, mas isso aconteceu porque fecharam o atendimento noturno e nos finais de semana, e passaram a realizar triagem nas UBS, fazendo com que muitas pessoas saiam sem atendimento. O sistema pode até funcionar na Rússia, mas em Apucarana não está dando certo. A situação está ficando RUSSA para todos, principalmente na UPA que fica superlotado, menos para as festas, ai sim tem muito dinheiro, o que parece até uma continuação da administração anterior, com as mesmas pessoas e atitudes”, questionou.
A reportagem permanece aberta para um posicionamento da Prefeitura de Apucarana sobre a falta de pagamento das diárias e reembolsos atrasados aos motoristas da saúde.