O economista, professor e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto faleceu nesta segunda-feira, 12 de agosto, aos 96 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o dia 5 de agosto devido a complicações de saúde. Delfim Netto deixa a esposa, Gervásia Diório, a filha Fabiana Delfim e o neto Rafael.
Antônio Delfim Netto nasceu em São Paulo, no bairro do Cambuci, descendente de imigrantes italianos. Formou-se na terceira turma de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e iniciou sua carreira profissional como auxiliar de escritório na Indústria Gessy do Brasil e, posteriormente, no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo. Seus primeiros passos no mercado de trabalho pouco indicavam a influência que ele teria na política e economia do Brasil ao longo de quase seis décadas.
Delfim Netto foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e atuou como professor universitário nas Faculdades de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Seu impacto na política brasileira foi notável durante o período da Ditadura Militar, quando atuou como Ministro da Fazenda nos governos de Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1973), e Ministro da Agricultura durante o governo de Figueiredo (1979-1984).
Sua gestão no Ministério da Fazenda ficou marcada pelo chamado “milagre econômico”, um período de crescimento acelerado do Produto Interno Bruto (PIB), com média de 11% entre 1968 e 1973, uma queda da inflação e um aumento no poder aquisitivo da classe média e do empresariado. No entanto, este crescimento veio acompanhado de desafios significativos, como o agravamento da inflação e o aumento da dívida externa.
Além de suas funções ministeriais, Delfim Netto foi embaixador brasileiro na França durante o governo de Geisel (1974-1979) e assumiu a Secretaria de Planejamento em 1979, período em que a economia enfrentava condições adversas e a dívida externa aumentava.
Após o período militar, Delfim Netto foi eleito deputado pelo PDS em 1986 e participou da Assembleia Nacional Constituinte de 1987. Foi reeleito deputado federal em 1990 e 1994 pelo PPR. Em seus últimos anos, continuou a influenciar o debate público escrevendo para importantes veículos de comunicação, como a Folha de S. Paulo e a revista Carta Capital.
O legado de Delfim Netto é complexo e multifacetado, refletindo tanto o crescimento econômico quanto os desafios enfrentados pelo Brasil durante e após o período de sua atuação. Seu falecimento encerra uma carreira notável e uma vida dedicada ao serviço público e ao debate econômico e político do país.