Na noite de quarta-feira (29), uma operação realizada pelas Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) da Polícia Militar resultou na prisão de seis pessoas — entre elas dois policiais militares e um policial civil — suspeitas de envolvimento no transporte ilegal de 77 barras de ouro, totalizando 72,6 quilos, avaliadas em cerca de R$ 45 milhões. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), trata-se da maior apreensão de ouro da história do estado.
De acordo com o comandante da Rocam, tenente-coronel Renan Carvalho, a ação teve início após uma denúncia anônima feita ao número 190, que relatava que uma família estaria sendo mantida refém em uma residência próxima ao 23º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus.
Ao chegarem ao local, os policiais encontraram sete pessoas, incluindo os três agentes públicos, dois homens que negociavam o ouro e um casal, proprietário do imóvel onde o metal estava guardado. O ouro, conforme apurado, teria origem na Venezuela.
Durante a abordagem, a equipe percebeu comportamento suspeito dos agentes e descobriu que os três policiais estariam extorquindo as vítimas com o objetivo de roubar o ouro. As quatro pessoas rendidas foram encontradas amarradas no chão. Diante da situação, todos os envolvidos foram presos em flagrante. A esposa de um dos suspeitos, dona da residência, foi levada à delegacia como testemunha.
Os policiais presos foram identificados como:
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Fellipe Pinto Ferreira, 45 anos, investigador da Polícia Civil;
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Antônio Temilson de Souza Aguiar, 40 anos, cabo da Polícia Militar;
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Gilson Luna de Farias, 37 anos, cabo da Polícia Militar.
Durante a operação, além das 77 barras de ouro, foram apreendidos diversos materiais, incluindo armas de grosso calibre, munições, coletes balísticos e veículos adaptados para transporte do metal precioso. Entre os itens recolhidos estão:
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5 armas de fogo (incluindo carabina e pistolas calibre 9mm);
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132 munições (sendo 119 de 9mm e 13 de calibre 40mm);
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2 coletes balísticos;
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8 celulares;
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R$ 2.150,00 em espécie e US$ 5;
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2 veículos: um Volkswagen Tiguan preto blindado (FOF-3A58) e um Volkswagen T-Cross branco (TED-7E35), ambos com as chaves;
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1 algema e 1 coldre velado.
Todo o material foi encaminhado à sede da Superintendência da Polícia Federal em Manaus, que dará continuidade às investigações. O comandante-geral da PM-AM, coronel Klinger Paiva, afirmou que já comunicou o delegado-geral da Polícia Civil e que será instaurado inquérito policial e procedimento disciplinar para apurar a conduta dos servidores envolvidos.
A Corregedoria da SSP-AM também foi acionada e acompanhará o caso. Paiva destacou que a instituição “não compactua com esse tipo de conduta e agirá com rigor para garantir a lisura das investigações”.