Os vereadores Alex Sandro Alves Nunes (Tio Leco) e Sebastião Galindo (Tião do Karatê), eleitos em Campo Mourão, tiveram suas diplomações cassadas pela Justiça Eleitoral. A decisão de primeira instância considerou que o partido Progressistas (PP) registrou uma candidatura fictícia para cumprir a cota de gênero obrigatória nas eleições municipais de 2024. Cabe recurso junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

A ação foi proposta pelo Partido Social Democrático (PSD) e investigada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Anulação de votos e inelegibilidade

Além da cassação dos vereadores, a Justiça determinou:

  • A anulação dos votos obtidos pelo PP nas eleições municipais de 2024 em Campo Mourão;
  • A cassação do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) do partido;
  • A inelegibilidade por oito anos de Alex Sandro, Sebastião e do presidente do PP em Campo Mourão, Rodrigo Salvadori, além de outros 11 candidatos a vereador.

Rodrigo Salvadori, que concorreu a prefeito e não foi eleito, foi apontado como responsável direto pela fraude. Segundo a sentença, ele “teve participação direta e anuência com o presente ato de fraude”.

Fraude na candidatura

De acordo com a investigação, uma candidata registrada pelo partido:

  • Mora na Itália desde antes do início das eleições;
  • Não realizou campanha eleitoral, não abriu conta bancária, nem apresentou despesas ou receitas;
  • Não compareceu à convenção partidária e não participou da propaganda eleitoral gratuita;
  • Não recebeu votos na seção eleitoral em que estava registrada, obtendo apenas nove votos no total.

Ainda segundo o MP-PR, o presidente do PP, Rodrigo Salvadori, chegou a protocolar uma tentativa de renúncia da candidatura no dia 20 de setembro de 2024, mas o documento não continha a assinatura da candidata, apenas a dele.

O MP concluiu que os fatos evidenciam fraude eleitoral e abuso do poder político, destacando que candidaturas fictícias, com votação nula ou irrisória e gastos de campanha inexistentes, configuram fraude à legislação eleitoral. Sem a candidata fictícia, o partido teria 28,57% de mulheres candidatas, abaixo dos 30% exigidos por lei.

Defesas dos envolvidos

  • Em nota, Rodrigo Salvadori afirmou respeitar o trabalho do Ministério Público e da Justiça, mas garantiu que todas as normas foram cumpridas. Ele anunciou que o partido recorrerá da decisão.
  • O vereador Sebastião Galindo declarou estar surpreso com a cassação: “Fiz tudo direito, entreguei os documentos solicitados e estava tudo ok. Fui aprovado na convenção, fiz campanha e fui eleito. Agora veremos o que será feito.”
  • Alex Sandro afirmou que está com a consciência limpa e ressaltou que sua candidatura foi legítima: “Estou surpreso, mas fiz uma campanha limpa.”

A decisão, de primeira instância, ainda aguarda análise em recurso no TRE-PR. Fonte: G1

Siga-nos nas redes sociais:

Compartilhe: