Método de longa duração promete ampliar autonomia reprodutiva de mulheres e adolescentes em todo o Estado.
O acesso ao planejamento reprodutivo deu um salto no Paraná com a incorporação do implante subdérmico contraceptivo de etonogestrel ao Sistema Único de Saúde (SUS). O dispositivo, que na rede privada pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, agora é oferecido gratuitamente em unidades públicas de saúde, ampliando o acesso a um dos métodos mais modernos e eficazes disponíveis no país.
A novidade foi destacada pelo secretário estadual da Saúde, Beto Preto, após uma oficina de qualificação promovida nesta terça-feira (25) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em parceria com o Ministério da Saúde (MS). O treinamento reuniu cerca de 150 profissionais das 22 Regionais de Saúde e marcou o início da preparação da rede para oferta segura e padronizada do novo método.
Tecnologia de ponta disponível no SUS
O implante de etonogestrel — conhecido comercialmente como Implanon NXT — é um contraceptivo reversível de longa duração (LARC), com eficácia de três anos e retorno rápido da fertilidade após a retirada. A incorporação ao SUS foi regulamentada pelas Portarias MS nº 47 e 48/2025, com previsão de distribuição nacional de 500 mil unidades ainda este ano e expansão para 1,8 milhão até 2026.
O método promete ajudar no enfrentamento das gestações não planejadas, um problema persistente no país. Pesquisa Nascer no Brasil II (2021/2023) indica que 33% a 40% das gestantes não planejaram a gravidez. Em 2022, adolescentes de até 19 anos representaram 12,3% dos nascimentos no Brasil.
Segundo Beto Preto, a iniciativa marca um avanço na garantia de direitos reprodutivos:
“Ampliar o acesso ao implante é dar mais autonomia e segurança às mulheres paranaenses. Estamos formando equipes preparadas e oferecendo um método moderno, eficaz e seguro. Investir em planejamento reprodutivo é investir em dignidade e futuro.”
Treinamento e capacitação da rede
Durante a oficina, profissionais receberam kits com cartilhas, aplicadores e placebos, além de treinamento prático em braços anatômicos para aperfeiçoamento da técnica de inserção e retirada. O encontro também abordou fluxos assistenciais, organização da oferta e estratégias de implantação.
A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti David Lopes, reforçou que a ação fortalece a Atenção Primária e reduz desigualdades regionais:
“A qualificação da rede é essencial para que o implante chegue a quem mais precisa. É uma ampliação de cuidado e de direitos sexuais e reprodutivos.”
A enfermeira do Ministério da Saúde, Camila Farias, destacou que a expansão dos métodos contraceptivos de longa duração dá mais liberdade às mulheres:
“O implante é o método reversível de longa duração mais seguro disponível. O objetivo é oferecer essa proteção para toda a população, garantindo informação, técnica adequada e acesso.”
Distribuição e municípios contemplados
O Paraná já recebeu 25.620 unidades do implante, totalmente distribuídas aos municípios. Nesta primeira fase, 38 cidades com mais de 50 mil habitantes foram contempladas. A ampliação para todas as 22 Regionais de Saúde deve ocorrer no próximo semestre.
A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, Carolina Poliquesi, explica que a oferta será ampliada de forma gradual:
“É uma garantia de direitos para mulheres que não podem usar outros métodos já disponíveis no SUS. Vamos organizar fluxos, equipes qualificadas e ampliar o acesso de forma regionalizada.”
Entre os municípios contemplados nesta etapa inicial estão Apucarana, Arapongas, Londrina, Maringá, Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Guarapuava, entre outros.