Na tarde desta terça-feira (22), Arapongas se juntou a outras 180 cidades do Paraná na 3ª Caminhada do Meio-Dia, uma mobilização simbólica e efetiva para reforçar o compromisso com a vida e contra o feminicídio. A caminhada, realizada simultaneamente em diversas cidades, marca o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, instituído em memória da advogada morta em Guarapuava, em um caso emblemático de violência de gênero.
O secretário municipal de Segurança Pública e Trânsito de Arapongas, Paulo Argati, enfatizou que o ato vai além do simbolismo e serve como alerta à sociedade. “Essa caminhada não é apenas um gesto simbólico. Ela é um evento efetivo para mostrar às mulheres vítimas de violência que elas não estão sozinhas. O Estado, o município e todas as instituições estão ao lado delas. Em pleno 2025, é inaceitável ainda falarmos de violência doméstica, mas, infelizmente, ela ainda existe”, afirmou.
Argati também destacou a evolução e o engajamento da causa no Paraná. “Ano passado foram 100 municípios participando. Neste ano, chegamos a 192 cidades inscritas. Isso mostra o avanço da mobilização. Arapongas, como referência em ações de proteção, também faz parte desse processo de transformação e conscientização social”, completou.
A delegada da Delegacia da Mulher de Arapongas, Camilla Costa, reforçou a gravidade dos números e a importância da denúncia. “Infelizmente, o feminicídio ainda é uma realidade grave. Apenas nos seis primeiros meses deste ano, o Paraná registrou 45 casos consumados. Se somarmos com as tentativas, esse número sobe para 179 ocorrências, ou seja, quase uma por dia”, alertou.
Camilla também chamou atenção para o índice alarmante de subnotificações. “Apenas 9% das vítimas tinham feito alguma denúncia. Isso significa que mais de 90% dos casos não estavam no radar das forças de segurança. Por isso, além das vítimas, é fundamental que familiares e amigos também façam as denúncias. A rede de proteção só funciona quando todos participam.”
A delegada lembrou que a luta contra a violência de gênero é permanente e não pode se limitar a datas específicas. “Apesar de intensificarmos as ações no Julho e no Agosto Lilás, nosso trabalho é diário. É uma batalha que enfrentamos todos os dias do ano”, destacou.
À frente da organização da caminhada em Arapongas, a guarda municipal Michele, que também coordena a Patrulha Maria da Penha e preside o Conselho dos Direitos da Mulher no município, destacou o envolvimento da sociedade civil e dos órgãos públicos. “Hoje mostramos que Arapongas não tolera nenhum tipo de violência contra a mulher. Mais de 180 municípios estão unidos nessa mesma hora, levando essa mensagem para as ruas. É a terceira edição da caminhada, e a adesão só cresce.”
Michele reforçou que a mobilização se estende ao longo de todo o ano. “Realizamos diversas palestras, encontros e ações de conscientização permanentemente. E agora, com a chegada do Agosto Lilás, teremos ainda mais atividades voltadas à prevenção e ao enfrentamento da violência de gênero. Nossa luta é constante.”
A caminhada em Arapongas reafirma o compromisso da cidade com a proteção à mulher e a defesa da vida, demonstrando que o combate ao feminicídio é uma responsabilidade coletiva que precisa ser enfrentada com coragem, informação e ação integrada.