A Polícia Civil de Apucarana, sob comando do delegado André Garcia, concluiu o inquérito que apurava o desaparecimento de Maurício Simões Felipeto, 50 anos, visto pela última vez em 2 de maio deste ano, nas proximidades do Núcleo João Paulo.
As investigações, que começaram como um caso de desaparecimento, evoluíram para homicídio qualificado e ocultação de cadáver, resultando na prisão preventiva de um suspeito de 44 anos.
Segundo o delegado, o caso teve início quando familiares da vítima procuraram a delegacia após o desaparecimento.
“Na verdade, trata-se de um desaparecimento de um homem de 50 anos. Ele foi visto pela última vez no dia 2 de maio, nas proximidades do Núcleo João Paulo. De lá para cá, a família nos procurou e nós procedemos diversas diligências. Inicialmente, tratávamos como um caso de desaparecimento, até porque esse rapaz, no passado, já teve problemas com dependência química. Então imaginávamos que ele poderia aparecer, o que não acabou acontecendo.
Ocorre que, no decorrer dessas investigações, nas buscas por esse então desaparecido, nós acabamos angariando informações que nos levaram a acreditar que tratou-se de um homicídio e passamos a investigar como se de fato homicídio fosse. E no decorrer dessas investigações, acabamos identificando um suspeito, um indivíduo bastante conhecido no meio policial aqui em Apucarana.
Identificamos onde esse suspeito esteve na noite em que a vítima desapareceu. Conseguimos comprovar, nos autos do inquérito policial, que tanto o suspeito quanto a vítima estiveram, entre os dias 2 e 3 de maio, em uma região de cultivo de milho, ali nos fundos do Jardim João Paulo. Conseguimos encontrar o tênis que a vítima usava no dia em que desapareceu, além de testemunhas que, naquela época, viram manchas de sangue no local. Também reunimos provas técnicas que afastam qualquer dúvida de que esse indivíduo participou do crime e estava com a vítima na noite em que ela deixou de ser vista.”
Com o avanço das provas, a Polícia Civil pediu à Justiça a prisão do investigado.
“Diante desse conjunto informativo, inicialmente eu representei pelo decreto de prisão temporária desse investigado. Ele ficou preso por 30 dias, na sequência houve a renovação por mais 30 dias. No decorrer desses 60 dias, nós concluímos o inquérito policial e representei pela prisão preventiva, que é aquela que não tem prazo determinado. Ela foi decretada, o inquérito concluído e o suspeito foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de homicídio qualificado — pelo motivo fútil e pela impossibilidade de defesa da vítima — e também pelo crime de ocultação de cadáver.”
Mesmo sem o corpo ter sido encontrado, o delegado reforça que o conjunto probatório é suficiente para a denúncia.
“De fato, nós não encontramos o cadáver, mas é uma investigação que demonstra que não adianta supor que vai praticar um homicídio em Apucarana, ocultar ou destruir o corpo e ficar impune. Esse caso é uma prova disso. Reunimos um conjunto probatório tão robusto que o Ministério Público denunciou esse investigado, que permanece preso preventivamente.”
Sobre a possível motivação do crime, o delegado explica que a relação entre vítima e autor era marcada por desentendimentos e uso de drogas.
“Os dois tinham histórico de dependência química. Esse investigado era bastante temido na região do João Paulo. Diversas testemunhas nos disseram que ele tinha o hábito de ameaçar e agredir pessoas, sempre andava armado de faca — tanto é que acreditamos que ele matou a vítima com um golpe de faca. Possivelmente, essa desinteligência surgiu por alguma disputa relacionada a drogas.”
As buscas pelo corpo continuam, embora as chances sejam menores após tantos meses.
“É claro que, com o decorrer do tempo, as chances de encontrarmos os restos mortais diminuem, até porque já não estamos mais falando de um cadáver, mas de uma ossada. Contamos com o apoio do Corpo de Bombeiros e do Núcleo de Operações com Cães, com animais treinados para localizar cadáveres. Contudo, como já se passou bastante tempo, o corpo deixou de exalar a cadaverina, o que dificulta o trabalho dos cães.
Tivemos ainda o apoio da Prefeitura de Apucarana, que nos cedeu maquinários, como retroescavadeiras, para as escavações. Fizemos todo o possível para encontrar esse corpo, não só para evidenciar a materialidade do crime, mas também para dar um alento à família — à mãe, que ainda alimenta esperança de enterrar o filho, à esposa e aos cinco filhos da vítima.”
Por fim, o delegado André Garcia conclui afirmando que o autor permanece preso e responderá pelos crimes.
“Seja como for, em que pese não termos encontrado o cadáver, o inquérito policial está concluído e o autor desse homicídio está preso. Ele nega os fatos, mas a versão dele é completamente conflitante com todos os elementos do inquérito. É evidente que ele está mentindo — tanto está, que está preso.”
A Polícia Civil reforça que as buscas pelo corpo continuam e solicita que quem tiver qualquer informação sobre possíveis restos mortais ou indícios do crime entre em contato com a Delegacia de Apucarana, pelo telefone (43) 3420-6700.
