O professor, contratado como Docente por Prazo Determinado (Regime Temporário) pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná e lotado em Arapongas, aparece vinculado a dezenas de processos judiciais no Estado de São Paulo e no Paraná.
O processo no Paraná, um deles, datado de 2 de março de 2024, tramita no Fórum de Arapongas e refere-se a uma denúncia de assédio contra uma mulher, ocorrido em uma escola da cidade no ano anterior. Ainda mais grave, o histórico judicial do docente revela uma condenação a 23 anos, 3 meses e 4 dias de reclusão por latrocínio, roubo qualificado e ameaça, com pena iniciada em 11 de dezembro de 2007. Ele cumpriu parte da pena em regime fechado na Penitenciária de Flórida Paulista (SP), com término previsto para 13 de março de 2031, permanecendo ainda sob regime penal.
CASO DE MAUS-TRATOS CONTRA O PRÓPRIO FILHO AUTISTA
Outro fato estarrecedor envolvendo o mesmo professor veio à tona recentemente. Um adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi brutalmente espancado pelo próprio pai, após se recusar a lavar a louça. O pai, segundo o inquérito, é o mesmo docente, que teria agredido o filho com tapas, socos e chutes, em um episódio filmado por outra criança no local.
As imagens, divulgadas com exclusividade pelo Canal 38, geraram revolta. O adolescente aparece completamente indefeso diante de uma sequência violenta de agressões. A mãe da vítima relatou que só tomou conhecimento após a filha receber o vídeo, denunciando imediatamente à polícia.
A Delegacia da Mulher de Arapongas conduziu o inquérito com escuta especializada, análise do vídeo e oitiva das partes. O pai foi formamente indiciado por maus-tratos majorado, conforme o art. 136, §3º do Código Penal, e a criança foi encaminhada a atendimento psicossocial.
Apesar da gravidade dos fatos, o professor segue atuando em sala de aula. A reportagem do Canal 38 esteve, nesta sexta-feira (18), na sede do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana em busca de esclarecimentos. O chefe do NRE, Vladimir Barbosa da Silva, não se encontrava no local, e a servidora que o substituía não quis conceder entrevista, tampouco soube fornecer informações concretas sobre a situação funcional do docente. Ela solicitou que o retorno fosse feito na próxima segunda-feira, quando o titular estará presente na sede do órgão.
A permanência do professor em atividade levanta questionamentos graves sobre falhas de gestão, negligência ou possível favorecimento. Diante do histórico criminal e das recentes denúncias, surge a preocupação com a segurança dos alunos.
“Se ele é capaz de espancar o próprio filho, o que poderá fazer com um aluno dentro da sala de aula?“, indaga um pai de estudante.
A reportagem segue acompanhando o caso e aguarda um posicionamento oficial do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana sobre as providências cabíveis.
Não pode haver cooperativismo, omissão ou tentativa de amenizar problemas tão graves. Este é o segundo caso de flagrante de agressões contra criança autista em poucos dias, e, em ambos os episódios, houve indícios de favorecimento a servidores estaduais — mesmo diante de provas claras por meio de áudios e vídeos.
Imagine-se o que ocorreria se não houvesse registro algum.
Atitudes firmes precisam ser tomadas. Em situações como essa, as autoridades frequentemente se recusam a conceder entrevistas, como se o silêncio fosse suficiente para abafar os casos.