José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e uma das figuras mais emblemáticas da política latino-americana, faleceu nesta terça-feira, 13 de maio de 2025, aos 89 anos.

Mujica lutava contra um câncer de esôfago em estágio terminal e recebia cuidados paliativos para aliviar os sintomas nos últimos dias. A confirmação da morte foi feita pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que prestou homenagem ao ex-mandatário:

“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso camarada Pepe Mujica. Sentiremos muito a sua falta, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo.”

Diagnóstico e Últimos Meses

Mujica foi diagnosticado com câncer em maio de 2024. Entre setembro e dezembro do mesmo ano, passou por duas cirurgias, mas a doença avançou e atingiu o fígado. Em janeiro de 2025, o ex-presidente reconheceu publicamente que enfrentava os últimos momentos de sua vida devido à progressão do câncer.

No dia anterior à sua morte, sua esposa, a também ex-senadora Lucía Topolansky, declarou à imprensa local que os médicos estavam fazendo o possível para garantir conforto a Mujica em seus dias finais.

Trajetória de Luta e Simplicidade

Nascido em 20 de maio de 1934, em Montevidéu, Mujica teve uma vida marcada pela militância política e pelo compromisso com a justiça social. Iniciou sua atuação política no Partido Nacional, mas logo se juntou ao Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, grupo guerrilheiro que combateu a ditadura uruguaia. Por sua atuação, Mujica foi preso por 14 anos, em condições extremamente precárias, durante o regime militar entre 1973 e 1985.

Com a redemocratização, ajudou a fundar a Frente Ampla e foi eleito deputado em 1994 e senador posteriormente. Entre 2010 e 2015, ocupou a presidência do Uruguai, onde se destacou por seu estilo de vida austero, sua retórica anticonsumista e políticas progressistas. Durante seu governo, foram legalizados o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a maconha — medidas que colocaram o Uruguai em destaque mundial.

Após deixar a presidência, Mujica voltou ao Senado até 2020, quando renunciou, alegando cansaço e a necessidade de “dar lugar aos mais jovens”. Em 2024, participou ativamente da campanha de Yamandú Orsi, que venceu as eleições presidenciais e representava a continuidade da Frente Ampla no poder.

Reconhecimento Internacional

Em dezembro de 2024, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, entregou pessoalmente a Mujica a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, maior honraria concedida a estrangeiros pelo governo brasileiro. Na ocasião, Lula destacou não apenas o legado político de Mujica, mas também seu exemplo de humildade e humanidade.

Um Símbolo da Esperança

Pepe Mujica deixa um legado que transcende fronteiras. Ele será lembrado como um líder que rejeitou os luxos do poder para viver com simplicidade, sempre ao lado do povo. Seu discurso coerente, sua vida dedicada à justiça social e seu exemplo ético o transformaram em um ícone da política mundial.

Em tempos de crise e descrença nas instituições, Mujica representou uma rara combinação de idealismo, coerência e humanidade — e por isso, sua memória seguirá viva entre aqueles que ainda acreditam em um mundo mais justo.

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