Emocionado e com voz embargada, o prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, revela dívida que compromete aposentadorias, paralisa obras e expõe a suposta contratação de uma consultoria milionária para burlar repasses ao INSS. O Canal 38 já havia denunciado uma contratação irregular no valor de R$ 16 milhões; o empenho chegou a ser realizado, mas o pagamento não foi efetuado após a denúncia.
O prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, fez um pronunciamento comovente e contundente nesta quarta-feira (7) para denunciar um suposto rombo milionário herdado. De acordo com Mota, a dívida com o INSS — incluindo a Autarquia Municipal de Educação e a Prefeitura — já ultrapassa os R$ 200 milhões.
“Fica parecendo que a gente está repetindo a notícia, mas não é. Essa dívida compromete o futuro da cidade e dos servidores públicos. É um calote que vai custar caro para todos nós”, declarou o prefeito, com voz embargada.
A dívida está dividida da seguinte forma:
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Autarquia de Educação (consolidada): R$ 37 milhões
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Educação (em discussão): R$ 70 milhões
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Prefeitura (consolidada): R$ 44 milhões
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Prefeitura (em discussão): R$ 50 milhões
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Total estimado: R$ 201 milhões
Segundo Rodolfo, a gestão anterior deixou de repassar contribuições patronais fundamentais para a aposentadoria dos servidores. “Estamos recolhendo normalmente, mas também teremos que arcar com os parcelamentos deixados por quem nos antecedeu. É uma irresponsabilidade que coloca em risco a previdência dos trabalhadores”, reforçou.
Consultoria de R$ 3 Milhões para ‘Ensinar a Dar Calote’
Durante a coletiva, um dos pontos mais polêmicos foi a revelação de um contrato com uma empresa de consultoria, que teria recebido R$ 3 milhões para ensinar a Prefeitura a evitar o pagamento das obrigações com o INSS. “Levaram R$ 3 milhões para ensinar a Prefeitura a dar calote”, disparou o prefeito.
Ainda segundo o Canal 38, a mesma empresa estaria envolvida em outro contrato de R$ 16 milhões considerado irregular, agravando ainda mais a crise financeira herdada.
Consequências para a População
O impacto da falta de certidões negativas — necessárias para firmar convênios e receber recursos federais — já se faz sentir. A duplicação da via entre o Núcleo Habitacional Adriano Correia e a Unespar, por exemplo, está paralisada há mais de um ano.
Outros reflexos da gestão anterior, segundo Mota:
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Médicos da UPA com três meses de salários atrasados
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Falta de merenda escolar, com escolas fechadas por até 10 dias
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Fila de espera de até três anos para consultas com especialistas
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Frota municipal com veículos sem manutenção
“Não fizeram obras estruturantes, não garantiram medicamentos, não garantiram merenda. Quebraram a educação, quebraram a Prefeitura, comprometeram o nosso futuro. Vamos ficar 20 anos pagando essa conta”, desabafou Mota.
Cobrança por Responsabilização
Rodolfo Mota anunciou que a Procuradoria Jurídica do Município adotará as medidas legais necessárias. Ele também cobrou posicionamento do Tribunal de Contas do Estado e da Câmara Municipal de Apucarana.
Estavam presentes na coletiva os vereadores Moisés Tavares, Sidnei da Levelimp, Wellington Gentil, Gabriel Caldeira e Luciano Facchiano. Chamou atenção ainda a presença de Recife, ex-vereador e ex-candidato a prefeito, que integrou a equipe de transição do governo Junior da Femac.
A movimentação política em torno da denúncia acendeu alertas nos bastidores. Segundo fontes, há indícios de racha e traição dentro do grupo político da antiga gestão. “Durante a transição parecia que estava tudo às mil maravilhas. Hoje, o discurso mudou. Alguém está traindo alguém”, comentou uma fonte próxima ao governo.
Compromisso com a Responsabilidade
Apesar da gravidade da situação, o prefeito assegurou que os investimentos do programa “100 dias de Futuro” estão garantidos. “Apucarana precisa de responsabilidade, não de manobras contábeis que colocam todo um sistema público em risco”, concluiu.