O governo federal anunciou nesta terça-feira (11) a anulação do leilão para a compra de arroz importado, realizado na última quinta-feira (6), após suspeitas de irregularidades no processo. O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, comunicou que um novo leilão será organizado, com critérios mais rigorosos para assegurar a participação de empresas com comprovada capacidade técnica e financeira.

A decisão foi respaldada pelo presidente Lula após reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Segundo Fávaro, a maior parte das empresas participantes do leilão anulado apresentava “fragilidades” operacionais e financeiras, levantando dúvidas sobre sua capacidade de entregar as 263 mil toneladas de arroz contratadas.

Contexto da Decisão

O leilão foi uma resposta às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional de arroz. Com as inundações afetando a logística e o transporte do grão, o governo optou pela importação para evitar uma escalada nos preços. Entretanto, o processo foi marcado pela participação de empresas sem histórico no mercado de cereais, o que despertou suspeitas de irregularidades.

Suspeitas de Conflito de Interesses

A situação se agravou com a descoberta de que a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, intermediárias na venda, foram criadas recentemente por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, então secretário de Política Agrícola. França é sócio de Marcelo Geller, filho de Neri, em uma empresa fundada este ano. Essas ligações levantaram preocupações sobre possíveis conflitos de interesses, culminando na saída de Neri Geller do cargo.

Novo Leilão com Critérios Rigorosos

Para o novo leilão, previsto para ocorrer em breve, o governo planeja implementar um processo de seleção mais rigoroso, com a ajuda da Controladoria-Geral da União (CGU), Advocacia-Geral da União (AGU) e Receita Federal. “Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para garantir que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira”, afirmou Pretto.

Medidas para Evitar Fraudes

Carlos Fávaro enfatizou que nenhum pagamento foi realizado no leilão anulado, garantindo que o governo não sofreu prejuízo financeiro. “Ninguém vai pagar sem que o arroz esteja aqui, entregue”, assegurou o ministro. Ele destacou que o novo edital permitirá que o governo verifique a capacidade das empresas antes do pregão, evitando surpresas desagradáveis após a conclusão do leilão.

Impacto no Mercado

A decisão de anular o leilão e convocar um novo procedimento visa estabilizar o mercado de arroz, garantindo a oferta do produto a preços acessíveis. Com o Rio Grande do Sul ainda enfrentando os efeitos das enchentes, a medida é crucial para assegurar o abastecimento e evitar a alta de preços do cereal.

Conclusão

O governo espera que o novo leilão, com critérios mais rigorosos e maior transparência, contribua para a normalização do mercado de arroz, beneficiando consumidores e produtores. A anulação do leilão anterior reflete um esforço para corrigir falhas e garantir a eficiência e integridade do processo de importação.

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