A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Apucarana enfrenta superlotação diariamente, contrariando a justificativa dada pelo prefeito Rodolfo Mota, que atribuiu o problema à presença de familiares acompanhando os pacientes. “Não dá pra ficar com 40 cadeiras na recepção”, declarou o prefeito em tom de crítica à população.
No entanto, a realidade relatada por pacientes e servidores da saúde aponta para questões estruturais muito mais graves. Falta de profissionais suficientes, atendimento apressado e denúncias sobre a gestão interna da UPA agravam a situação da saúde pública no município.
Segundo denúncia feita por um servidor ao Portal 38 News, os médicos da UPA estariam submetidos a um sistema de cotas de atendimentos, com metas rígidas de produtividade: médicos em plantões de 6 horas devem atender 40 pacientes, enquanto os de 12 horas precisam atender 80. Isso representa, na prática, uma média de apenas 6 minutos por consulta — menos da metade do tempo mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 15 minutos.
Um caso relatado pelo servidor envolveu um idoso que foi atendido no final do mês. Segundo a denúncia, o médico sequer se levantou para examiná-lo, prescrevendo apenas dipirona. No dia seguinte, o paciente foi levado ao Hospital da Providência com sintomas agravados e diagnosticado com infarto. Ele precisou ser transferido ao Honpar, onde segue internado à espera de um cateterismo.
Ainda segundo a denúncia, a nova administradora da UPA, que não possui formação em saúde — é graduada em Administração — estão estabelecendo metas e estaria promovendo perseguição política a servidores. “Enfermeiras com anos de experiência foram transferidas sem justificativa. Em seu lugar, foram colocadas profissionais sem experiência, contratadas por chamamento”, afirma o servidor. A UPA também não teria médico responsável técnico designado oficialmente.
A crítica à postura do prefeito Rodolfo Mota se intensifica diante das promessas de campanha, nas quais afirmou que seria o ‘prefeito de todos’ e que respeitaria os servidores públicos. ‘Agora está fazendo exatamente o contrário. Há ainda denúncias de que a Prefeitura liga diariamente para a direção da UPA, solicitando que determinadas pessoas sejam colocadas à frente na fila de espera’, conclui o servidor.
Enquanto isso, um novo hospital municipal, construído com R$ 26 milhões de recursos públicos, segue fechado, paralisado por impasses políticos que agravam ainda mais a crise na saúde de Apucarana.
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