A imagem de acolhimento propagada pela atual gestão da Secretaria Municipal de Educação de Apucarana está sendo fortemente contestada por professores e funcionários da rede. À comunidade escolar, os servidores manifestaram ao Canal 38 seu descontentamento e expuseram um cenário alarmante de autoritarismo, sobrecarga de trabalho, vaidade política e descaso com a estrutura básica das unidades escolares.
Durante uma reunião recente com as novas diretoras das escolas municipais, a secretária de Educação orientou, em tom de irritação, que as gestoras “dessem o recado” aos professores para que parassem de enviar mensagens ao seu celular pessoal. Segundo os relatos, a preocupação não era com o excesso de mensagens, mas com o incômodo causado pelas cobranças legítimas dos educadores.
A situação se agravou com a atuação da assessora apadrinhada pelo vice-prefeito, que, mesmo sem ocupar oficialmente a função de secretária, conduziu a reunião, interrompendo a titular da pasta e assumindo o protagonismo do encontro. Com falas repletas de autoelogios e referências à sua antiga gestão — criticada por muitos professores pela falta de diálogo e ambiente tóxico —, a assessora expôs ainda mais a fragilidade da liderança educacional do município. O constrangimento chegou ao ápice quando seu esposo tentou intervir antes mesmo do prefeito Rodolfo Mota, sendo repreendido com a pergunta: “Você quer falar antes de mim?”
Sobrecarga e Falta de Funcionários
Além do ambiente de desrespeito, os servidores denunciam a grave sobrecarga de trabalho provocada pela falta de profissionais. Professores relatam que, desde o início do ano letivo, não conseguem cumprir integralmente as 12 horas semanais de hora-atividade, um direito garantido por lei.
Nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), a situação é ainda mais crítica: professoras são obrigadas a acumular funções administrativas e pedagógicas que deveriam ser desempenhadas por colegas de hora-atividade, inexistentes nas instituições. As estagiárias, por sua vez, vêm sendo deixadas sozinhas em salas cheias de crianças pequenas — prática ilegal e arriscada. Coordenadoras pedagógicas, que deveriam auxiliar em situações de falta de professores, muitas vezes se recusam a entrar em sala de aula, ampliando ainda mais a sobrecarga e o clima de insegurança.
Falta de Uniformes e Estrutura
Outra reclamação que mobiliza a comunidade escolar é a promessa não cumprida da entrega de uniformes, kits de material escolar e tênis para os mais de 13 mil alunos da rede municipal. Anunciados ainda em janeiro, os kits seguem sem previsão de entrega. Segundo denúncias, mais de 4 mil itens estariam parados em estoque.
Os problemas vão além: denúncias apontam precariedade na merenda escolar, tentativas de fechamento de duas escolas municipais e abandono da infraestrutura educacional. A situação é ainda mais crítica para alunos com necessidades especiais: cerca de 762 estudantes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) estão sem o apoio de professores auxiliares, contrariando a legislação vigente e prejudicando seu pleno desenvolvimento escolar.
Exigência de Mudança
“A escola precisa de respeito, estrutura e gestão humana — não de discursos bonitos para fotos em redes sociais”, afirmam os servidores. Eles pedem que a população e a comunidade escolar fiquem atentas às reais condições da educação municipal e cobrem providências efetivas para garantir um ambiente digno para alunos e profissionais.
Segundo informações obtidas pela reportagem do Portal 38 News, duas sondagens recentes foram realizadas para medir a aprovação da gestão do prefeito Rodolfo Mota — e ambas registraram os piores índices já vistos em um período tão curto de mandato. A desaprovação do prefeito se aproxima de superar sua aprovação.
Apesar das reiteradas cobranças da reportagem, a gestão de Rodolfo Mota permanece em silêncio, ignorando os questionamentos