Na manhã desta quarta-feira (25), a Polícia Civil de Jandaia do Sul cumpriu três mandados de busca e apreensão em duas residências e um comércio na área central da cidade, em operação que apura crimes de estelionato, extorsão e exploração de prestígio.
Segundo o delegado Dr. Saulo Batista, a investigação teve início após vítimas procurarem a delegacia relatando que vinham sendo extorquidas ao longo de anos. Somente no último ano, as movimentações bancárias somaram cerca de R$ 1,8 milhão, mas os crimes teriam se iniciado há pelo menos uma década.
Conforme apurado, os investigados se aproximaram de uma família oferecendo inicialmente auxílio contábil. Com o tempo, passaram a exigir valores para pagamento de dívidas e protestos. Em seguida, foi introduzida na trama a figura de uma suposta mãe de santo, identificada apenas como “Vozinha”, que realizaria cirurgias e trabalhos espirituais, a preços que variavam entre R$ 25 mil e R$ 75 mil.
Chamou a atenção dos investigadores o fato de que, apesar da alegação de que a “mãe de santo” era da Bahia, o número de telefone usado por ela estava registrado no Paraná, em nome de uma das investigadas. A polícia suspeita que a própria investigada personificava a figura da “Vozinha”.
Além disso, outra camada do golpe envolvia uma suposta advogada que residiria no exterior e se comunicava apenas por números restritos. Ela dizia às vítimas que estavam prestes a ter mandados de prisão expedidos e oferecia a possibilidade de “resolver” a situação com juízes e promotores, mediante pagamento de propina.
As vítimas, temendo serem presas, realizavam transferências bancárias ou entregavam dinheiro em espécie às investigadas. Em uma das residências, foi encontrada uma arma de fogo, e uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal, porém sem relação direta com o núcleo do inquérito.
Durante a ação, foram apreendidas joias, ouro, documentos e um veículo, que agora estão sob custódia e poderão ser usados para reparar parte do prejuízo das vítimas. Uma das situações identificadas envolveu também a transferência de um imóvel em Maringá, que será analisada judicialmente.
Outro caso que chamou atenção foi o de uma empregada doméstica, que além de cair no golpe da “mãe de santo”, foi vítima de um esquema de pirâmide. Ela chegou a receber rendimentos inicialmente, mas depois acumulou um prejuízo de aproximadamente R$ 50 mil.
“Esses crimes envolvem valores vultuosos. Temos registro de transferências bancárias que variam entre R$ 3 mil e R$ 75 mil, sem contar os valores entregues em espécie”, destacou o delegado Dr. Saulo. “As investigações continuam, e outros desdobramentos não estão descartados.”