“Não atenderam minha filha por falta de cadastro”: mãe denuncia burocracia e negligência na Clínica da Criança de Apucarana e enfrenta superlotação na UPA — “Falaram que não podia por causa de um simples cadastro.” disse a mãe revoltada.
Até que ponto a saúde pública é, de fato, uma prioridade em Apucarana? Essa é a pergunta que fica após o relato de Amanda, moradora de Arapongas, que buscou atendimento médico para sua bebê na Clínica da Criança de Apucarana — e saiu de lá sem qualquer acolhimento, apenas com frustração, cansaço e revolta. Um contraste gritante diante da acolhida que pacientes de Apucarana frequentemente recebem em cidades vizinhas.
Amanda chegou à clínica por volta das 5 horas da manhã desta quinta-feira (8), buscando ajuda para a filha que, segundo ela, apresenta um comportamento incomum desde o nascimento, com agitação excessiva e dificuldades para dormir. No entanto, sequer passou da recepção. A justificativa? Ela não possui cadastro no município.
“Negaram o atendimento, disseram que não podiam marcar por eu ser de outra cidade, por causa de um simples cadastro”, desabafou Amanda. “Expliquei toda a situação, que desde praticamente o nascimento ela é assim. Não consegue nem dormir direito. É exaustivo para mim e para ela, ainda mais sendo um bebê.”
Mesmo relatando o problema de saúde da filha e demonstrando urgência, Amanda não foi acolhida. A única solução oferecida foi um encaminhamento para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde a situação tampouco melhorou: superlotação, horas de espera e nenhuma previsão de atendimento.
“Estou aqui desde as 5 da manhã. Já são 14 horas e nada. Fico indo de um lado para o outro. Já gastei com carro de aplicativo um dinheiro que eu não tenho. Nem almocei.”, relatou, visivelmente abalada.
A Clínica da Criança de Apucarana é frequentemente apontada como referência regional em pediatria. No entanto, o caso de Amanda revela o abismo entre o discurso institucional e a realidade enfrentada por quem busca atendimento. A recusa de acolhimento por questões burocráticas, como a ausência de cadastro, escancara um sistema que falha em seu princípio mais básico: cuidar de vidas.
É importante lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) não é municipal, mas sim nacional, com gestão compartilhada entre União, Estados e Municípios. Todos têm responsabilidades distintas, mas o acesso deve ser garantido de forma universal e igualitária.
“Muito decepcionada. Vim porque me recomendaram a clínica, mas não quiseram atender por causa de um simples cadastro. Agora, é voltar para Arapongas e ver o que posso fazer.”, finalizou Amanda, sem respostas — apenas com o sentimento de impotência.
Este caso é mais um alerta: enquanto a saúde pública for tratada com entraves burocráticos e indiferença ao sofrimento humano, mães como Amanda continuarão enfrentando longas jornadas de humilhação — e bebês seguirão sem atendimento. A pergunta que fica é: até quando?