Professores da rede municipal de Apucarana denunciam um cenário alarmante nas unidades escolares, com falta de materiais básicos, perseguição a servidores, descumprimento de direitos e abandono de alunos com necessidades especiais. Segundo os relatos, a situação da Educação já se compara à crise enfrentada na Saúde Pública, apontando retrocesso e desvalorização da categoria na gestão do prefeito Rodolfo Mota.
“Estamos voltando no tempo. Há escolas sem cola, tesoura, lápis de cor, massa de modelar… Parece coisa de décadas passadas, quando os pais precisavam mandar até papel higiênico. Pensamos que isso já fosse passado”, afirma uma professora.
Educadores relatam que os problemas só são resolvidos quando ganham visibilidade pública.
“Essa gestão só se mexe depois que sai no Canal 38. Se não denunciamos, continua tudo igual”, desabafa outra servidora.
Ambiente de Medo e Silenciamento
As denúncias vão além da estrutura física: profissionais relatam posturas autoritárias por parte da direção de alguns CMEIs e escolas, questionando servidores de conversarem até nos intervalos.
“Não temos mais liberdade de expressão. Quando tentamos conversar, mesmo no horário de descanso, somos vigiados. A diretora e a coordenadora se aproximam para ouvir e chegam a nos interrogar sobre os assuntos. Isso é assédio moral”, denunciam.
Uma professora relata situação recorrente de abandono nas salas:
“Faltam professores no CMEI, e estamos ficando sozinhas por períodos inteiros em sala de aula. Em uma dessas situações, presenciei a coordenadora indo até a sala para, supostamente, ajudar a trocar roupas e fraldas. No entanto, mesmo com a sala cheia de crianças, em vez de colaborar ativamente, ela apenas se sentou em um canto e ficou observando a professora fazer todo o trabalho sozinha. Dá a impressão de que ela não está ali para ajudar, como deveria ser, especialmente em momentos de sobrecarga. Isso demonstra total falta de apoio à equipe, justamente quando mais precisamos.”
Descumprimento de Direitos e Falta de Apoio a Alunos Especiais
Outro ponto grave é o descumprimento da hora-atividade, direito garantido aos professores, mas frequentemente desrespeitado. Educadores regentes relatam sobrecarga, tendo que realizar todo o planejamento e execução pedagógica sem o tempo necessário para formação e organização.
A situação se agrava ainda mais no atendimento a alunos com necessidades especiais. Faltam professores auxiliares, e estagiários, sem qualificação técnica, estão sendo colocados no apoio a crianças autistas e outras com demandas específicas.
“Isso fere a legislação do estágio e coloca em risco o direito das crianças. O atendimento especializado exige preparo, e o que vemos é improviso.”
Decepção com a Gestão
A frustração com a atual administração é profunda entre os profissionais da educação.
“Elegemos um professor achando que seríamos valorizados, mas estamos sendo perseguidos e silenciados. Ele dizia que cuidaria melhor dos professores que cuidam das crianças. Mais uma promessa não cumprida.”
“Está sendo pior do que a gestão anterior — e a gente nem imaginava que isso era possível.