Após prometer uma gestão enxuta e eficiente, o prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, já nomeou cerca de 140 cargos comissionados, contrariando seus próprios discursos de campanha. Entre os nomeados estão integrantes da chapa rival na eleição, membros da administração anterior e pessoas ligadas a vereadores, o que levanta suspeitas sobre um possível “acordão político”. Restam 1.344 dias para o fim desta gestão.
Com quase quatro meses de governo, Rodolfo Mota segue nomeando aliados e apadrinhados — uma prática que tem gerado intensos debates e crescente insatisfação popular.
Nomeações em Massa e Crescimento Exponencial de Cargos
No dia 14 de abril, uma nova nomeação foi publicada: o cargo de Assessor de Diretor de Serviços Funerários (CC-05), vinculado à ASERFA. As nomeações, que inicialmente ocorriam de forma pontual, agora são feitas em blocos — e o volume segue em crescimento.
Críticas Se Agravam: Saúde Pública em Colapso
A gestão de Rodolfo Mota é alvo de severas críticas, especialmente devido ao colapso da saúde pública. Os principais pontos de insatisfação incluem:
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Superlotação na UPA: longas filas e demora no atendimento para idosos, mulheres e crianças, sem estrutura adequada;
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Falta de medicamentos e serviços básicos: consultas, exames e cirurgias eletivas continuam escassos;
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Fechamento das UBS à noite e nos fins de semana: população desassistida nos horários de maior necessidade;
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Triagens sem atendimento médico: muitos pacientes saem das UBS sem sequer passar por um médico;
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Hospital Municipal fechado: mesmo após R$ 26 milhões investidos, a unidade permanece sem funcionamento. Além disso, não há qualquer explicação oficial sobre as suspeitas envolvendo a licitação da terceirização, que poderiam revelar o verdadeiro motivo do atraso.
Educação Abandonada e Descaso com Crianças Especiais
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13 mil alunos enfrentam a falta de materiais didáticos, ausência de uniformes e merenda escolar precária;
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Tentativas de fechamento de escolas e abandono da infraestrutura educacional;
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Cerca de R$ 2 milhões gastos em festividades da cidade, enquanto faltam recursos essenciais em saúde e educação;
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762 alunos com TEA e TDAH seguem sem professores auxiliares, contrariando a legislação e prejudicando diretamente crianças com necessidades especiais;
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Denúncias de violência contra crianças autistas em escolas, com tentativas da gestão de abafar os casos.
A incoerência é evidente: enquanto participa de passeatas pela inclusão, o prefeito ignora na prática os direitos básicos desses alunos.
Polêmica do “Salário Mínimo Municipal”
O aumento anunciado para R$ 2.100,00 não passa de um abono complementar. O vencimento base não foi reajustado, gerando revolta entre os servidores municipais, que se sentiram enganados pela propaganda oficial.
Nomeações Questionáveis e Falta de Renovação Prometida
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Adversários políticos, familiares e pessoas de fora do município ocupam cargos estratégicos;
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Aliados de campanha ignorados: a base que o elegeu se vê preterida por antigos opositores e indicações externas;
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Denúncias de irregularidades e desvio de função entre servidores comissionados seguem sem resposta.
Aumento de Moradores de Rua com Dependência Química
O crescimento de moradores de rua dependentes químicos reflete o colapso da assistência social e da política de saúde pública da cidade.
Dívida Bilionária e Falta de Transparência
Apucarana enfrenta uma dívida bilionária sem qualquer plano público de reestruturação. Enquanto isso, a folha de pagamento dos comissionados segue crescendo, comprometendo ainda mais as finanças municipais.
Infraestrutura Deficiente e Fila com Colchonetes
O prefeito Rodolfo Mota foi flagrado distribuindo colchonetes para cidadãos dormirem na fila por atendimento — uma imagem simbólica do colapso da infraestrutura básica e da precarização dos serviços públicos.
Falta de Acesso ao Prefeito e a “Batcaverna”
Rodolfo Mota evita o contato direto com a população. Cidadãos, políticos e até servidores relatam dificuldades em serem atendidos. O prefeito usa exclusivamente a porta lateral do gabinete — apelidada de “Batcaverna” — que prometera desativar durante a campanha.
Silêncio, Contradições e Desgaste Acelerado
Com 118 dias de gestão Rodolfo Mota, o prefeito ainda não se pronunciou sobre as denúncias envolvendo cargos comissionados, nem tomou providências contra servidores flagrados em irregularidades. Apresentado como o “novo”, Rodolfo Mota já repete velhas práticas e figura entre os prefeitos mais criticados da história recente de Apucarana em tão pouco tempo de mandato.
Durante a campanha, criticou a antiga gestão pelo excesso de comissionados, citando Londrina — com 600 mil habitantes e 80 comissionados — como exemplo. Hoje, Apucarana, com apenas 130 mil habitantes, já acumula mais de 135 nomeações em 118 dias — média superior a uma por dia.
Tentativa de Censura
Integrantes da gestão vêm tentando intimidar e censurar o Portal 38 News por meio de ações judiciais — uma postura autoritária que afronta os princípios da transparência e da liberdade de imprensa. Nenhum ex-prefeito adotou atitude semelhante, demonstrando, ao menos, maturidade política e respeito à liberdade de imprensa.
Descontentamento Cresce: “Mudança” Fica Só no Discurso
A nomeação de ex-adversários, como um secretário da chapa rival, confirma o que muitos classificam como um “acordão político“, já denunciado antes mesmo das eleições. Enquanto isso, o ex-prefeito, inelegível por oito anos, permanece fora do governo, mas viu seu candidato ser nomeado. Já a maioria dos apoiadores legítimos da campanha de Mota se sente traída e ignorada.
Auditoria: Por Que Não Fazer?
Se tanto critica a gestão anterior e as dívidas herdadas, por que Rodolfo Mota não realiza uma auditoria completa e transparente? A omissão levanta dúvidas sobre o real compromisso com a verdade e a responsabilidade fiscal.
Conclusão: A Cidade Pede Respostas
A frustração da população com a nova gestão é evidente. As promessas de “destravar a cidade” e “cuidar das pessoas” ainda não saíram do papel — e, até agora, os fatos demonstram justamente o contrário.