A Polícia Civil de Apucarana prendeu nesta quarta-feira (4) três homens envolvidos no homicídio e ocultação do cadáver de Anderson José de Góes Alves Bueno, de 44 anos, encontrado no último dia 29 de maio, em um terreno baldio na Rua Doutor Oswaldo Cruz, área central da cidade.
O delegado adjunto da 17ª Subdivisão Policial (SDP) de Apucarana, Dr. André Garcia, concedeu entrevista ao repórter Lucas Leal do Canal 38, detalhando as investigações que levaram à elucidação do crime. De acordo com o Delegado, a identificação da vítima só foi possível graças a um exame de necropapiloscopia realizado pelo Instituto de Identificação. “O cadáver foi encontrado na manhã do dia 29 de maio. Inicialmente, sequer tínhamos identificação da vítima. Através desse exame, logramos identificá-la: tratava-se de Anderson Bueno, de 42 anos, morador de Apucarana, já conhecido no meio policial, com um extenso histórico criminal”, explicou.
Ainda no dia em que o corpo foi localizado, a Polícia Militar acionou o setor de homicídios da Polícia Civil, que constatou sinais de lesões contundentes e pérfuro-contundentes, indicativos de golpes de faca, mesmo com o avançado estado de decomposição.
Câmeras flagraram transporte do corpo
De acordo com Dr. André Garcia, as investigações prosseguiram com a coleta de depoimentos e imagens de câmeras de segurança da região central. “Localizamos, ao lado do cadáver, um carrinho de mão, desses usados por pedreiros. Apreendemos esse objeto porque suspeitávamos que o corpo havia sido transportado para o terreno baldio através desse carrinho de mão — o que de fato acabou sendo confirmado”, destacou.
Imagens de segurança revelaram que, na madrugada do dia 24 de maio, cinco dias antes do corpo ser encontrado, dois homens empurravam o carrinho de mão pela Rua Doutor Oswaldo Cruz. “A partir dessas imagens e de outros elementos informativos, conseguimos identificar a coautoria e representar pelos mandados de prisão temporária”, relatou o delegado.
Prisão dos envolvidos
Desde as primeiras horas desta quarta-feira, os agentes da 17ª SDP cumpriram três mandados de prisão temporária em diferentes pontos de Apucarana. Os suspeitos têm idades entre 22 e 35 anos. “Todos foram capturados, interrogados; dois deles confessaram participação direta. Um negou, mas há fortes indícios de que também tenha colaborado para a prática criminosa”, afirmou Dr. André.
Os suspeitos confessaram que, após uma briga, agrediram Anderson. “Depois, quando ele já estava desacordado, desferiram golpes de faca no pescoço e na nuca para consumar o homicídio. Tudo isso aconteceu nos fundos de um pensionato localizado na Rua Doutor Oswaldo Cruz, um local usado para o consumo e tráfico de drogas, principalmente crack”, revelou o delegado.
Crime cometido em meio ao tráfico de drogas
Segundo o delegado, o local onde o crime foi cometido não é propriamente um pensionato, mas sim um espaço degradado, com quartos de péssima estrutura, frequentado exclusivamente por usuários de drogas. “Tudo aconteceu nesse contexto: tráfico de drogas, consumo de crack e uma briga entre eles durante a madrugada, que resultou nesse homicídio. O que chama atenção é a ousadia: mataram a vítima dentro do pensionato e transportaram o corpo num carrinho de mão, acreditando que ficariam impunes”, pontuou.
Todos os envolvidos, incluindo a vítima, frequentavam o mesmo espaço. “Eles se conheciam. A motivação, conforme apuramos, foi um desentendimento entre eles. Um dos autores chegou a alegar que Anderson tentou abusar sexualmente de sua companheira, o que ele disse ter motivado a agressão. No entanto, tudo nos leva a crer que se tratou de uma discussão banal, relacionada ao consumo de drogas”, explicou o delegado.
Histórico da vítima
Anderson José de Góes Alves Bueno, além de ser usuário de drogas, possuía diversas passagens pela polícia, incluindo acusações graves. “Ele frequentava aquela mesma rua onde foi encontrado morto, conhecida como Carandiru, um local de concentração de usuários de drogas. Era bastante conhecido no meio policial aqui de Apucarana, inclusive já cumpriu pena por alguns delitos”, informou Dr. André em outra ocasião.
O delegado ainda mencionou que a vítima havia sido abordada recentemente pela Polícia Civil durante a Operação Saturação e era conhecida por seu histórico violento. “Inclusive, ele foi vítima de uma tentativa de homicídio há pouco tempo, na região do Michel Soni”, completou.
Investigação e conclusão do inquérito
Sobre a causa da morte, Dr. André Garcia informou que o laudo pericial ainda é aguardado. “Havia uma perfuração no crânio, mas não temos certeza se foi causada por disparo de arma de fogo ou por outro objeto pontiagudo. De qualquer forma, temos plena convicção de que se tratou de um homicídio”, declarou.
O delegado destacou a eficiência da equipe na rápida elucidação do crime. “Evidentemente, um crime desse não ficaria sem resposta por parte da Polícia Civil. É uma ousadia transportar um cadáver em um carrinho de mão pelo centro da cidade. Eles estavam todos tranquilamente na cidade, ainda envolvidos com o tráfico e consumo de drogas, mas hoje tiveram o dissabor de serem presos”, afirmou.
O inquérito deve ser concluído em até 20 dias e, segundo Dr. André, a Polícia Civil acredita ter reunido provas suficientes para encaminhar os autores à Justiça pelo crime de homicídio qualificado. “Continuamos com algumas diligências, mas a autoria e materialidade já estão devidamente comprovadas. A cidade pode ter a certeza de que a Polícia Civil de Apucarana está atenta e não permitirá que crimes bárbaros como esse fiquem impunes”, finalizou.
HOMICÍDIO
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