Imagem por: Observatório C. Rubin

Telescópio mais avançado do mundo revela imagens inéditas do universo

Aconteceu nesta segunda-feira (23), a partir das 10h30, o evento internacional Rubin’s First Look, em sessão presencial na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro. O evento marcou a “primeira luz” do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, ou seja, o início das atividades científicas do telescópio mais avançado de levantamento do mundo.

O observatório divulgou suas três primeiras imagens, revelando visões espetaculares de galáxias distantes, nuvens gigantes de poeira interestelar e aglomerados de estrelas. Uma das imagens, composta por 678 registros captados em pouco mais de sete horas, destaca a Nebulosa da Lagosta, em tons de rosa e vermelho, além de galáxias espirais, outras nebulosas e o aglomerado de Virgem.

Instalado no topo do Cerro Pachón, no deserto do Atacama (Chile), o observatório foi construído para realizar o projeto internacional LSST (Legacy Survey of Space and Time), conduzido em parceria com a Fundação Nacional de Ciência (NSF) e o Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos, com participação ativa do Brasil.

Com a maior câmera digital já construída no mundo (3,2 gigapixels) e um campo de visão extremamente amplo, o telescópio terá capacidade de registrar cerca de mil imagens do céu por noite, cobrindo o hemisfério sul com velocidade e precisão inéditas. A cada 30 segundos, será capaz de captar uma área maior que 40 luas cheias.

O LSST deverá gerar um catálogo com 20 bilhões de galáxias e 20 bilhões de estrelas, distribuídas em seis bandas de cores, impactando áreas como o estudo do Sistema Solar, a busca pelo Planeta 9, além de investigações sobre matéria escura e energia escura.

Físicos que atuam na área da cosmologia, como Cinthia N. de Lima e Ricardo Rodrigues, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), participaram presencialmente do evento no Rio de Janeiro. O físico apucaranense Luiz Felipe Demétrio também esteve presente e celebrou a experiência:

“Para mim, foi uma honra participar do evento e presenciar a Primeira Luz do observatório Vera Rubin ao vivo. O ambiente da Academia Brasileira de Ciências foi muito acolhedor e envolvente. A construção e implementação desse observatório foi uma grande conquista para a humanidade — sendo um prazer imenso participar desse evento histórico”, afirmou Luiz Felipe Demétrio.

De forma inédita, o Grupo de Cosmologia da UEL marcou presença simultaneamente em dois locais: enquanto alguns integrantes participaram do evento oficial no Rio de Janeiro, outros realizaram uma transmissão especial na Sala de Multimeios da Física, no Centro de Ciências Exatas (CCE) da universidade, em Londrina. O encontro foi aberto ao público, atraindo estudantes, professores e entusiastas da astronomia.

Além da exibição das transmissões internacionais — com imagens ao vivo do Chile e da cerimônia em Washington, D.C. — o evento contou com palestras e painéis sobre a contribuição brasileira ao projeto.

A coordenação nacional do LSST está a cargo do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), sob liderança do professor Luiz Nicolaci da Costa, que viabilizou a criação do IDAC-Brasil — centro de acesso exclusivo aos dados do LSST para 120 pesquisadores brasileiros.

Entre os nomes presentes nas discussões, destaque para o físico Rogério Rosenfeld, professor visitante no Instituto Weizmann de Ciências e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Física.

Uma nova era para a astronomia
O observatório leva o nome de Vera C. Rubin, astrônoma que, nos anos 1970, apresentou as primeiras evidências da existência de matéria escura ao estudar o movimento das galáxias.

O evento “Rubin’s First Look” celebrou não apenas o início das operações científicas, mas também reforçou a importância da ciência brasileira no cenário internacional, evidenciando o protagonismo de pesquisadores nacionais em um dos projetos mais ambiciosos da história da astronomia.

O futuro da observação do universo já começou — e o Observatório Vera Rubin está na linha de frente dessa jornada científica.

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