Uma das instituições de ensino mais tradicionais de Apucarana estaria sendo, na prática, comandada por um ex-servidor municipal ligado a figuras políticas da antiga gestão. Supostas ingerências e conflitos de interesse têm gerado preocupação entre servidores e a comunidade escolar. “É como se o colégio tivesse sido privatizado por dentro, transformado em espaço de barganha política”, declarou, indignado, um professor.

O Colégio Estadual Nilo Cairo, referência histórica na educação paranaense, enfrenta uma grave crise institucional. Fontes internas, sob condição de anonimato, denunciam que a unidade estaria sob influência direta de um ex-servidor da Prefeitura de Apucarana, atualmente funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços ao colégio. Mesmo sem exercer cargo oficial na gestão escolar, ele seria o responsável por tomar decisões estratégicas, interferindo em rotinas administrativas e pedagógicas.

De acordo com os relatos, a autoridade informal exercida por esse funcionário ultrapassa os limites éticos e legais. Ele teria sido indicado por motivação política — e sua presença no colégio estaria alinhada a um suposto projeto de retomada de influência de um grupo político local, ligado à gestões municipais anteriores. A figura central apontada como sua “padrinha política” seria uma ex-secretária municipal, que ocupou cargos de destaque na cidade e hoje estaria atuando nos bastidores da educação estadual.

“É um cenário de medo e pressão. A direção da escola já não tem mais autonomia. Ninguém contesta as ordens dele, mesmo sem ele fazer parte da estrutura oficial”, relata uma servidora, que pediu sigilo por receio de retaliações.

O Colégio Nilo Cairo tem história. Sua origem remonta à Escola Normal Regional e, em 1977, passou a homenagear o educador, médico e ex-reitor da UFPR, Nilo Cairo da Silva. A instituição já figurou entre as mais respeitadas do Paraná. Por isso, as denúncias atuais causam preocupação entre educadores e moradores que conhecem o legado da escola.

Além das interferências internas, há rumores de uma tentativa coordenada para influenciar a troca do chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana. O objetivo, segundo as denúncias, seria consolidar o retorno de um grupo político cujo principal articulador estaria inelegível — e que, por isso, buscaria manter o controle das estruturas da educação pública estadual por meio de indicações políticas.

A Secretaria de Estado da Educação ainda não se manifestou sobre o caso. As denúncias levantam dúvidas sobre o controle de qualidade na contratação de empresas terceirizadas e sobre a real autonomia das direções escolares diante de pressões políticas externas.

O episódio reacende o debate sobre a urgência de proteger o ambiente escolar de influências que desviam seu foco essencial: a formação de cidadãos. Com a comunidade escolar em alerta, cresce a expectativa por uma resposta firme das autoridades estaduais e por medidas que devolvam ao Colégio Estadual Nilo Cairo o respeito e a autonomia que sua história exige.

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