Devido ao receio de retaliações, não há outra forma de expressar nossa opinião de forma segura. Sabemos que este é o único canal imparcial em Apucarana.
À Atenção do Canal 38
Nós, professoras da rede municipal de educação, embora não representando a totalidade, mas uma expressiva parcela, manifestamos por meio desta nossa insatisfação diante do cenário atual pós-eleitoral. Ressaltamos que nossa preocupação não é direcionada à pessoa do prefeito, que sequer iniciou formalmente seu mandato, mas sim às promessas de campanha realizadas. Foram enfatizadas, na ocasião, a valorização do diálogo e o tratamento digno aos profissionais da educação.
Até o momento, contudo, não sentimos que essas promessas se traduziram em ações práticas. Embora tenhamos ouvido frequentemente que Rodolfo Mota ainda não assumiu oficialmente, sua equipe de transição já está tomando decisões que impactam diretamente a nossa categoria, novamente sem dialogar com os profissionais da educação. Acreditamos e votamos na mudança, mas não em uma gestão unilateral, onde algumas poucas pessoas decidem, isoladamente, o nosso futuro.
Um dos principais motivos de preocupação é a possibilidade de perdas nas funções que hoje exercemos, especialmente entre os professores de 40 horas concursados e, mais ainda, entre aqueles de 20 horas que possuem jornada dobrada. Informações preliminares indicam que está sendo elaborada uma normativa para a distribuição de turmas, baseada no tempo de serviço geral do professor na rede, em vez do tempo de atuação na escola atual. Essa mudança, caso se confirme, pode trazer prejuízos consideráveis às escolas e aos alunos, comprometendo, inclusive, os esforços para melhorar os índices educacionais, como os avaliados pelo SAEB.
Outro ponto de atenção é a previsão de retorno às escolas de mais de 50 profissionais atualmente alocados na AME, além de 36 diretores e coordenadores. Esses retornos ocorreriam em detrimento de professoras que, ao longo dos últimos 12 anos, têm enfrentado desafios, se dedicado ao aperfeiçoamento e desempenhado um papel crucial na construção de uma educação de qualidade. Tal medida, na forma como se apresenta, nos desfavorece e privilegia profissionais que estiveram afastados das salas de aula nesse período.
Entendemos que, para que os princípios de campanha se concretizem, seria justo e coerente que houvesse um diálogo efetivo com a categoria antes de decisões tão significativas. Um exemplo seria a realização de uma consulta ou enquete com os professores, como ocorre tradicionalmente nas avaliações de final de ano.
Reiteramos nosso compromisso com a educação de Apucarana e com os alunos, que sempre foram a razão maior de nossa escolha pela docência. Entretanto, é desalentador observar que, ao invés de sermos reconhecidas por nossos esforços e dedicação, corremos o risco de perder nosso espaço em razão de decisões que não levam em consideração o tempo de atuação nas escolas ou o impacto que isso pode causar no ambiente educacional.
Por fim, apelamos para que a nova gestão municipal reavalie essa postura, promovendo um diálogo transparente e garantindo que decisões tão relevantes sejam tomadas com a participação dos principais envolvidos: os professores. É fundamental que a valorização dos profissionais da educação, tão destacada durante a campanha, seja efetivada com justiça e equidade.
Reafirmamos que nosso objetivo não é criticar, mas contribuir para uma gestão participativa e democrática, pautada no respeito aos profissionais da educação e na valorização de suas vozes. Estamos comprometidas em continuar fazendo o melhor pelos nossos alunos e pela nossa cidade, mas acreditamos que esse compromisso pode ser ainda mais fortalecido com a colaboração e a escuta ativa por parte da gestão municipal.
Atenciosamente,
Uma grande parcela de professoras da Rede Municipal de Educação de Apucarana.