O Canal 38 teve acesso ao depoimento de uma candidata fictícia ao Ministério Público de Apucarana. A mulher, que é prima do prefeito Junior da Femac, confessou as irregularidades eleitorais e revelou detalhes da fraude à cota de gênero durante as eleições.
No depoimento, a candidata afirmou que procurou a Promotoria de forma espontânea para falar sobre o caso, mesmo sendo alertada pelo promotor sobre seu direito constitucional de permanecer em silêncio, pois não era obrigada a produzir provas contra si mesma. Apesar do aviso, ela optou por confessar os fatos.
Em suas palavras, ela declarou:
“Olha, Doutor, eu não queria ser candidata. Nunca tive pretensão. Eu entrei do jeito seguinte: recebi um telefonema da minha filha, a mando do Júnior da Femac, o prefeito de Apucarana. Minha filha falou que ele queria a foto do meu título, para ver se eu estava filiada a algum partido. Eu dei, e ele disse que não era para me preocupar, que depois ele me contava o que era. Três dias depois, fiquei sabendo que eu era candidata, e eu não queria. Fui colocada sem saber. Assinei um papel lá, não sabia nem o que era.”
Ainda segundo a depoente, ela ficou revoltada ao saber da situação, brigou com o marido e com a filha, mas se sentiu obrigada a aceitar por conta do parentesco com o prefeito e pelo fato de sua filha ocupar um cargo comissionado na prefeitura.
“Eu fiquei arrasada. Deixei claro que não faria campanha, que não queria concorrer. Inclusive, o meu primo, o prefeito Junior da Femac, falou que eu não precisava fazer nada. Nem no meu prédio entreguei santinho. Não fiz adesivo em carro, não fiz campanha nenhuma.”
A candidata relatou o desconforto que sentiu ao perceber que havia sido usada na suposta fraude:
“Eu fiquei envergonhada. Quando vi o propósito, queria fazer um buraco e enfiar a cabeça dentro. Todo mundo fala na minha cara que eu sou o elo fraco, que ele escolheu a mais fraca. Isso me dói muito. E eu não vim para agredir ninguém. Eu não quero prejudicar ninguém.”
Ela finalizou o depoimento afirmando que está sofrendo e que a situação tem afetado sua vida pessoal:
“Eu não consigo dormir, não consigo encarar meus filhos. Ando na rua e todo mundo me olha. Ontem eu nem sabia que era ré, achei que era testemunha. Quando minha filha falou, meu mundo caiu. Só peço desculpa se prejudiquei alguém. Foi uma burrada e tanto, mas não foi minha intenção.”
O caso evidencia a gravidade das irregularidades eleitorais em Apucarana e aponta diretamente para o envolvimento do prefeito Junior da Femac. A investigação sobre a possível fraude nas cotas de gênero continua em andamento.